A abertura de um novo mega-centro comercial chinês no Porto Alto, Samora Correia, concelho de Benavente, está a dividir alguns comerciantes da zona. Há quem avise que o negócio vai “matar” o comércio tradicional, enquanto outros têm esperança que seja um pólo de atracção de novos clientes. A nova infraestrutura, situada na Estrada Nacional 10, já terá custado aos investidores chineses perto de 40 milhões de euros e tem 265 lojas e armazéns.
“Uma coisa é haver armazéns de venda por grosso, outra coisa é ter lojas normais abertas ao público, com estacionamento, infraestruturas novas e tudo do melhor. Ninguém virá aqui, vai ser o fim, já estou mentalmente preparada para fechar”, lamenta Rosa Filipe, dona de uma sapataria junto ao Pingo Doce. “Se as pessoas precisam de trabalhar deviam abrir era fábricas, não era lojas, aquilo só enriquece alguns”, refere.
Para Ricardo Dias, dono de um café nas proximidades, o maior medo não é o centro comercial mas sim as pessoas. “Os negócios que vão ter ali são diferentes do meu. Mas se tirarem clientes às lojas dos meus vizinhos aí isso passa a afectar-me, porque as pessoas deixam de ter dinheiro para vir aqui consumir e depois é mau para todos. Deviam era criar mais fábricas porque isso é que gera trabalho”, defende o empresário, que critica a Câmara de Benavente por nunca ter feito uma sessão pública no Porto Alto para esclarecer e tranquilizar os comerciantes da localidade.
Mas há também quem veja a nova estrutura com bons olhos. Eliana Berto tem uma loja de decoração próximo da estrada nacional e diz que o novo centro chinês “até pode ser bom” para a terra onde nasceu. “Vai trazer gente de fora e isso é bom para todos. Acho que não nos devemos preocupar muito porque se vendermos melhores produtos e marcarmos pela diferença as pessoas percebem que mais vale comprar no comércio tradicional”, opina.
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), disse aos jornalistas nas últimas semanas que a inauguração do novo mega centro comercial chinês está para breve. O espaço possui 525 lugares de estacionamento e sete lugares para camiões. Tem uma área total de mais de 77 mil metros quadrados e é já um dos maiores centros grossistas desta natureza em toda a região. A câmara licenciou a obra e os trabalhos arrancaram em 2011. O investimento é visto pela câmara como sendo muito importante do ponto de vista do incremento económico que vai trazer ao concelho e os postos de trabalho que irá propiciar.