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No Rancho da Universidade Sénior de Benavente a idade não conta

No Rancho da Universidade Sénior de Benavente a idade não conta

O MIRANTE falou com o ensaiador de 25 anos e com uma aluna de 63 anos. Grupo junta quarenta praticantes dos 60 aos 80 anos. Mais de metade dos alunos nunca tinha dançado num rancho e desde há três anos que aproveitam essa actividade para melhorar também a forma física.

“Muitos dizem-me que é uma fisioterapia”, diz o ensaiador do Rancho Folclórico da Universidade Sénior do Concelho de Benavente (USCB) referindo-se aos seus pupilos, todos eles com idades para serem seu pai ou mãe. José Santos tem 25 anos e lidera os 40 alunos dessa actividade que nasceu por iniciativa deste funcionário da câmara destacado para o pólo de Benavente da USCB. “Há muitos grupos seniores corais e queria ver como se destacavam na dança. Muitos têm mais energia do que os da minha idade e sinto-me bem no meio deles”, sublinha.
Com sete anos de actividade, a USCB está actualmente instalada no Centro Cultural de Benavente e de entre as disciplinas o rancho é das que mais tem crescido e que hoje tem garantidas pelo menos vinte actuações por ano. Esta é uma das poucas actividades que abrange alunos dos quatro pólos da universidade sénior (Benavente, Santo Estêvão, Samora Correia e Barrosa) e que surgiu por iniciativa de José Santos, que desde os seis anos anda no folclore. “Propus à coordenadora e disse-lhe que era giro ter um rancho com pessoas com mais de 50 anos a dançar e há três anos que o temos”, revela a
O MIRANTE o ensaiador deste grupo que também dança quando não há pares.
“Nós já tínhamos o sonho de fazer um rancho e com a vinda do Zé agarrámos a ideia com as duas mãos”, conta Maria Gertrudes Pardão, coordenadora do pólo de Benavente da USCB. A antiga professora, de 63 anos, está reformada e faz parte de um rancho em que o aluno mais novo tem 61 anos e o mais velho 82 anos.
O destaque deste rancho é claramente a idade avançada dos dançarinos, mas há outros factores diferenciadores. “Noutros concelhos também há ranchos de universidades seniores mas, por exemplo, em Almeirim é à base de CD - só têm dançarinos. Nós aqui temos tocata, cantadeiras e figurinos, tudo o que um rancho tem!”, acrescenta orgulhoso José Santos.

“A maior parte deles quer é dançar”
Mais de metade dos alunos nunca tinha estado num rancho folclórico e muitos desconfiaram no início, como é o caso de Maria Pardão: “Gosto muito de dançar, mas disse ao Zé que não sabia dançar o rancho e ele com muita paciência, pois compreende e lida muito bem com os seniores, ensinou-nos”.
A O MIRANTE o professor revela ainda como resolveu a descrença inicial dos seus alunos. “Alguns diziam que não iam conseguir e houve quem quisesse desistir, mas nunca saíram. Quando não podem dançar por problemas de saúde, eu ponho-os na tocata ou na figuração e assim nunca nos deixam. Mas não temos muita figuração”, acrescenta José Santos, “a maior parte deles quer é dançar”.
E Maria Pardão não poupa em elogios ao seu professor. “Claro que as diferenças com os ranchos mais jovens notam-se, mas o Zé adaptou as músicas e as danças à nossa idade. Não nos vamos pôr aí a dançar corridinhos nem nada disso”, diz entre risos. “E com a astúcia dele adaptámo-nos e temos canções mais lentas e outras mais rápidas”, acrescenta.
Na conversa com o professor a aluna ficou ainda uma certeza: a de que as famílias dos 40 alunos do Rancho Folclórico da USCB gostam de ver os pais e os avós nestas andanças. “Já encontrei filhos e netos que me dão os parabéns e que me dizem que gostam de ver os pais e os avós nos ranchos”, diz José Santos, acrescentando que no primeiro aniversário organizaram um festival de folclore onde também os netos desfilaram trajados com os avós. E Maria Gertrudes adianta com um enorme sorriso que a sua neta gosta muito de a ver: “Como ela diz, é a avó rancheira”.
José Santos conclui a conversa dizendo que quando a Universidade Sénior do Concelho de Benavente vai de férias muitos sentem saudades, mas deixa o aviso. “Podem vir enferrujados mas nós tratamos-lhes da saúde”, afirma entre risos.

No Rancho da Universidade Sénior de Benavente a idade não conta

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