A Câmara de Abrantes decidiu condecorar 100 personalidades - algumas já falecidas há uns bons anos mas não menos merecedoras, como é o caso de Maria de Lurdes Pintassilgo - durante as celebrações do centenário da elevação de Abrantes a cidade. O tributo é bonito e pede meças à Presidência da República, que, anualmente, pelo 10 de Junho, costuma distribuir comendas por atacado, contribuindo para que meio país já se encontre no cada vez menos restrito lote dos galardoados. Aliás, esta apetência pela distribuição de títulos e distinções já vem de longe, como o testemunha a célebre frase de meados do século XIX - “Foge, cão, que te fazem barão! Mas para onde, se me fazem visconde?” - que mais tarde teve sucessão em forma de música, graças à dupla RuiVeloso/Carlos Tê. Chama-se “Valsinha das Medalhas” e o refrão terminava assim: “Quem és tu donde vens, conta-nos lá os teus feitos / Que eu nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos”. Uma letra que continua actualíssima.