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A interminável busca pela imagem perfeita

A interminável busca pela imagem perfeita

António Chora é empresário em Rio Maior e um amador da fotografia que diz que o seu melhor registo estará sempre por fazer. Desde que lhe ofereceram a primeira máquina, aos 20 anos, nunca mais parou de disparar sobre tudo o que mexe e o que não mexe. Só não lhe peçam para fazer casamentos e baptizados. “Tudo o que meta mesas e cadeiras não é comigo”. Amador no verdadeiro sentido do termo, gostava de viver só da fotografia. Mas isso é impraticável. Por isso vai conjugando os negócios com a paixão à arte.

A fotografia perfeita, a fotografia de uma vida, está sempre por fazer. Este é o lema de António Chora, 55 anos, um fotógrafo amador de Rio Maior que ganha a vida como empresário no ramo da climatização e que tem como passatempo registar para a posteridade acontecimentos, paisagens, pessoas. “A melhor fotografia nunca foi feita. Não tenho o ideal de foto perfeita que gostasse de fazer”, diz, acrescentando no entanto que gostaria de fotografar em África e também em zonas de guerra. “Curiosamente, acho que não teria medo de andar por lá”. Mas admite que pudesse mudar de opinião após lá chegar...
O dono da Arcofrigo é, literalmente, um amador da fotografia, porque não ganha dinheiro com essa actividade e porque realmente a ama. Um amor que se tem traduzido no investimento de algumas economias em equipamento, seja em máquinas seja no estúdio que possui e onde faz algumas produções. O gosto pela fotografia não tem origem conhecida, mas começou a despontar na adolescência. Por geração espontânea pois não havia tradição familiar nessa área. Aos 19 ou 20 anos ofereceram-lhe a sua primeira máquina e a partir daí foi sempre a disparar, a congelar instantes para a posteridade.
Casado e pai de dois filhos, António Chora diz que quando começou “fotografava tudo o que mexia e não mexia”. Mas tinha uma predilecção por paisagens, uma realidade estática que dá tempo para pensar antes de disparar e em que não é preciso pedir nada a ninguém. Hoje, prefere sobretudo registar realidades dinâmicas, como jogos de futebol, provas motorizadas, actividades aquáticas ou até aviões, pois faz parte da Associação Portuguesa de Entusiastas da Aviação. Na véspera desta conversa tinha estado na base aérea de Monte Real a fotografar aviões F-16 belgas e não escondeu o entusiasmo ao relatar a experiência.
Frequentador regular de acções de formação, António é também presença habitual em desfiles de moda como o Portugal Fashion. Gosta de fotografar modelos, sendo solicitado com regularidade para esses trabalhos, sobretudo por mulheres. Já fez fotos mais ousadas e garante que é um trabalho como qualquer outro, pois tem a capacidade de se alhear da realidade que está a fotografar. “Já experimentei fotografar nu integral e não me causou problema nenhum”. Fora da sua agenda estão casamentos e baptizados. Isso é que ele não faz. “Tudo o que meta mesas e cadeiras não é comigo”, diz.

O pontapé de Gaitán que mais ninguém apanhou
Fotógrafo credenciado junto do CNID - Associação dos Jornalistas de Desporto - vai frequentemente a estádios de futebol para registar jogos de equipas de topo, embora não seja um entusiasta do desporto. Quando é desafiado a apontar uma fotografia sua que lhe tenha enchido as medidas, fala de uma imagem de um Benfica-Fenerbahce em que registou o preciso momento em que o benfiquista Gaitán atingiu com um pontapé na face um futebolista da equipa turca. Um momento, uma fracção de segundo, que mais ninguém captou, diz.
Com um espólio de muitos milhares de fotografias, António Chora garante que não usa photoshop, um software de edição de imagem que ajuda a embelezar as fotos, dizendo que o segredo está, acima de tudo, na luz. Quando fotografa é com a intenção de mostrar o que faz e também de guardar. E responde afirmativamente quando lhe perguntamos se busca na fotografia a sua própria imortalidade, já que os homens passam e as imagens ficam.
António admite que gostaria de poder viver da fotografia, mas de momento tem outra nau para governar. “Talvez quando me reformar me possa dedicar a isso”, afirma, revelando que tem colaborado regularmente, e de forma gratuita, com jornais, “mas sem criar vínculos”, porque não pode assumir uma disponibilidade a tempo inteiro. Primeiro estão os clientes, assevera.

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