uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
As raparigas ribatejanas que pegam novilhos de caras

As raparigas ribatejanas que pegam novilhos de caras

Grupo de forcadas de Benavente foi a Riachos mostrar o que vale

Numa sala cheia de cadeiras vazias ajudam-se umas às outras a enrolar as longas e largas faixas de tecido vermelho à volta da cintura. Vestem camisas brancas mas não usam colete. Em vez dos calções justos dos grupos de forcados masculinos, usam calças de ganga e calçam sapatos leves ou ténis. São dezasseis ao todo. Constituem o grupo de forcadas de Benavente, formado em 2012 e provavelmente o único do género actualmente em actividade. As que usam o cabelo comprido prendem-no com lacinhos encarnados. O MIRANTE esteve com elas em Riachos, no Dia de Portugal, durante uma novilhada que ali se realizou e viu-as pegarem novilhos de caras e à primeira tentativa.
Chamam-lhe As Valentes mas até as mais valentes têm medo como confessa a cabo do grupo, Nádia Pereira. “O medo existe mas é algo que é ultrapassável e comum a todos, sejam homens ou mulheres. Todo o forcado tem medo e quem diz o contrário provavelmente não está a dizer a verdade. Mas o medo passa quando entramos na arena. Ali esquecemo-nos de tudo. Somos só nós e o touro”, refere. Conta que já é forcada desde a fundação do grupo, que já apanhou alguns sustos e que até já se magoou mas que isso não a fez desistir. “Uma vez desmaiei mas nunca sofri nada grave. Enquanto puder vou pegar touros. Acho que isto já nasceu comigo”, declara, acrescentando que a família lhe dá apoio embora alguns lhe chamem maluca.
Antes de actuarem as jovens aplaudem-se a si próprias depois de palavras de inventivo. Observam o novilho para lhe adivinharem as “manias”, uma fuma um cigarro para enganar os nervos. Já no redondel agem como os grupos de forcados masculinos perante os enormes touros das corridas. Chamam a atenção do animal, gritam-lhe. Alguns espectadores não resistem a algumas piadas mas elas estão demasiado concentradas para ouvir seja o que for. Alongam-se numa fila, com a forcada que vai pegar um pouco adiantada e com o barrete verde com debrum vermelho na cabeça. Citam de perto e arrancam uma pega à primeira. A que faz de rabejador puxa o rabo do animal enquanto as restantes combinam o momento de largar o animal.
A forcada mais nova tem13 anos e chama-se Mariana Gonçalves. O gosto pela tauromaquia vem desde muito cedo. Conta que aos três anos acompanhava o pai nas festas taurinas. “Sempre gostei muito e decidi vir”, explica. O mais difícil para o grupo de forcadas é mesmo conciliar a actividade com as vidas pessoais, nomeadamente com os estudos ou trabalho. Nádia Pereira diz que algumas tiveram de sair por assuntos pessoais.
Vera Custódio diz que integra o grupo e que o marido é forcado no Cartaxo. Experimentou uma vez, gostou e ficou a convite da cabo. “Tenho uma menina, uma casa, uma família e é tudo muito difícil de gerir”, explica. Diz estar sempre descontraída e apesar de algum receio em ir para a arena acaba por ir. “Não podemos ir para lá a pensar negativamente” , realça.
A cabo das forcadas, Nádia Pereira, diz que em Portugal não conhece mais grupos como o dela mas sabe de um grupo feminino mexicano. “São Las Forcadas de Hidalgo do México. Um dia ainda gostávamos de actuar ao mesmo tempo que elas”, diz antes de se reunir ao grupo.

As raparigas ribatejanas que pegam novilhos de caras

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido

    Destaques