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Tribunal entrega dois milhões a trabalhadores de empresa falida há 30 anos

Tribunal entrega dois milhões a trabalhadores de empresa falida há 30 anos

Criação de equipa especial permitiu resolver situação de quem já tinha perdido a esperança

José Oliveira acompanhava o sogro de 86 anos no momento em “que se fez justiça” à centena de trabalhadores que foram chamados ao Palácio da Justiça 2 de Santarém para receberem uma parte dos créditos de uma empresa de Praia do Ribatejo, Barquinha, que fechou há 30 anos. O processo andou lentamente na justiça também devido à dispersão pelo país do património da Sociedade de Madeiras Manuel Vieira da Cruz e Filhos. Na manhã de terça-feira, 26 de Julho, José Oliveira expressava o sentimento dos muitos que foram chamados para receberem os cheques. “Embora tardio o facto das pessoas, atendendo à sua idade, receberem algum do dinheiro equilibra-lhes a mente e partem já com alguma serenidade”, referiu, elogiando o facto de as pessoas terem sido todas chamadas de uma vez só.
Ao todo, o Tribunal da Comarca de Santarém entregou dois milhões e cinco mil euros de créditos a 130 trabalhadores da empresa, alguns já falecidos, tendo sido os cheques entregues a herdeiros ou cabeças de casal. Este foi o primeiro pagamento de créditos, que resultou de um rateio das verbas obtidas no processo de insolvência e que foi possível devido a uma estratégia da gestão da comarca, que entrou em funções em Setembro de 2014, com a reforma do mapa judiciário. O juiz presidente, João Pires da Silva, criou uma bolsa de funcionários e destacou alguns para uma equipa especial que tem a missão de tratar de processos antigos como este, para que a pessoas não tenham de esperar mais anos.
António da Silva Gomes era um dos mais antigos trabalhadores da empresa, onde esteve 35 anos. Entrou para a sociedade em 1949, foi delegado sindical e conta que nunca pensou receber alguma coisa, pelo que receber agora o cheque foi “uma sensação boa”. António, natural da Praia do Ribatejo, já tem destino para parte do dinheiro que recebeu que é na reparação de um carro que tem avariado.
A entrega dos créditos decorreu de forma serena com as pessoas a esperarem pela chamada do nome e a dirigirem-se a um gabinete para receberem e assinarem os comprovativos. Os que ficaram para o fim esperaram tranquilamente sentados numa das salas de audiências do palácio da justiça. O sentimento de justiça fazia superar qualquer espera. O juiz presidente sublinhou que a secção funciona com uma grande especialização e que a criação da equipa especial para as insolvências antigas tem vindo a permitir fechar contas de vários processos e fazer mapas de rateio para se começar a pagar a credores.

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