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“As multinacionais vendem os móveis em caixinhas e as pessoas têm dificuldade em montá-los”

“As multinacionais vendem os móveis em caixinhas e as pessoas têm dificuldade em montá-los”

António Freire, 57 anos, administrador da Freire Móveis de Porto Alto e Benavente. Alistou-se na Marinha aos dezoito anos e esteve lá durante doze. Saiu para ajudar a mulher que tinha uma loja de móveis e porque já tinha uma filha pequena e ia ter outro filho.

É um apaixonado pelo trabalho e pelo ramo dos móveis onde diz que o cliente deve ser estimado e tratado com o máximo de honestidade. Considera-se um empresário prudente que não gosta de saltar para o desconhecido. Não tem muitos tempos livres e os que tem são dedicados à família. Não gosta de viagens longas, só tem quatro canais de televisão e não costuma ver futebol nem outros desportos.

É uma maravilha viver no Porto Alto. Mudei-me para cá em 1988 e foi uma mudança radical na qualidade de vida. Deixei de ter que ir levar os filhos à escola todos os dias porque a escola é em frente à minha casa. O local onde vivo é calmo. Ganhei muita qualidade de vida ao vir morar para o concelho de Benavente e não me arrependo.
Benavente é um concelho bom para fazer negócios. Mas está limitado na população e isso significa haver menos necessidade. Numa cidade com mais população há naturalmente mais procura e mais potenciais clientes. Mas a qualidade de vida aqui compensa e muito.
Aos dezoito anos alistei-me na Marinha. Vi um anúncio num jornal a pedir candidatos para um curso de maquinistas navais e concorri. Entrei e estive lá 12 anos, três dos quais em Vila Franca de Xira, na antiga Escola da Armada. Depois passei por vários locais. Gostei muito da experiência mas decidi sair porque era complicado estar tanto tempo fora de casa com uma filha pequena e outro filho a caminho. Optei por ficar com a minha mulher no negócio dos móveis que ela já tinha.
Já estou ligado a este ramo há 30 anos. O mercado ensinou-me a lidar com todo o tipo de clientes. Têm gostos distintos e diferentes e temos de ser capazes de estimar todos e corresponder ao que esperam e procuram de nós.
Sou um empresário prudente que não gosta de dar saltos no escuro. A Freire Móveis já existe desde 1984. Já tive sete empregados e agora somos quatro. Já tive várias lojas e hoje só tenho duas, no Porto Alto e em Benavente.
Há trinta anos ganhava-se mais no negócio dos móveis do que hoje. Vendia-se mais e com margens de lucro maiores. A culpa do que se passa hoje é das multinacionais que conseguem preços muito diferentes dos nossos. A nossa vantagem é conseguirmos fazer os móveis que o cliente quiser, incluindo sofás.
As multinacionais entregam os móveis em caixinhas e as pessoas acabam por ter dificuldade em montá-los. Tenho clientes que gastaram dinheiro duas vezes. A primeira para comprar lá e a segunda aqui porque partiram alguma coisa na montagem e recorrem a nós. Além de fazermos os móveis que o cliente idealiza também os montamos. E comercializamos colchões. Temos a nossa própria marca, a Freiflex. Estamos muito contentes com a qualidade deles e os nossos clientes também.
Não me arrependo de ser empresário mas tenho saudades dos trinta dias de férias que tinha na Marinha. Agora muito raramente tiro férias e não é por ser viciado em trabalho. As nossas preocupações e encargos obrigam-nos a trabalhar quase todos os dias. Nunca fechamos as nossas lojas, nem aos domingos nem aos feriados. Quando acaba o dia levo comigo os problemas e desafios da empresa na cabeça mas consigo dormir bem apesar de acordar a pensar no trabalho.
O principal valor de um empresário é a honestidade. Trabalhamos dentro da casa das pessoas e elas têm que confiar em nós. Felizmente temos merecido essa confiança ao longo dos anos. E temos conseguido manter os clientes satisfeitos.
Não tenho nenhum vício nem tempo para o ter. Gostava de ir à praia mas não tenho ido. Não vejo muita televisão e só tenho os quatro canais. É muito raro ir ao cinema e não faço colecção de nada. Não vejo futebol nem ligo nada a outros desportos. Só me dedico ao trabalho e à família. Não deixo que o stress me afecte.
Se pudesse passeava mais com a família mas a lugares perto porque as viagens longas aborrecem-me. Acho uma perda de tempo gastar três horas numa ida ao Algarve. Quando posso vou à Caparica ou à Parede. A minha mãe, que tem 85 anos, vive lá. É um exemplo de uma pessoa que se cuida e se mantém saudável.
Ajudo a minha mulher na cozinha todos os dias e ainda hoje fiz o almoço. Não tenho pratos favoritos, sou boa boca e como de tudo um pouco. Aqui no concelho de Benavente temos muita promoção dos pratos da terra, como o cozido de carnes bravas e o torricado de bacalhau. Há pratos muito bons aqui.

“As multinacionais vendem os móveis em caixinhas e as pessoas têm dificuldade em montá-los”

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