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Antigos moradores de prédio do Monte Gordo despediram-se das suas casas

Antigos moradores de prédio do Monte Gordo despediram-se das suas casas

Edifício em Vila Franca de Xira vai ser demolido por razões de segurança. Ex-residentes vão receber 50 mil euros pelos apartamentos que tiveram de abandonar. Na terça-feira foram buscar os últimos pertences.

Os ex-residentes do prédio que vai ser demolido na encosta do Monte Gordo, em Vila Franca de Xira, começam a assinar as escrituras de venda das casas já no início de Setembro. O presidente da câmara, Alberto Mesquita (PS), confirmou a O MIRANTE que os valores que o município vai pagar por cada fracção se situam “à volta dos 50 mil euros”. Esta semana, os antigos moradores foram despedir-se das casas e carregar os últimos pertences.
Foi de rosto fechado que alguns dos ex-habitantes do Lote 1, situado na Rua Quinta de Santo Amaro, estiveram esta terça-feira nos apartamentos a retirar os últimos objectos. A maioria das 14 fracções do prédio encontram-se há muito vazias. Desde que foram obrigados a abandonar os lares, um processo que teve início no final de 2013, os moradores foram retirando os bens, mas os poucos dias que faltam para as casas passarem definitivamente para a posse da autarquia, aceleraram a mudança definitiva de livros esquecidos, dossiers, botijas de gás e outros artigos.
Uma mudança difícil, uma vez que os elevadores do prédio já não funcionam. Cansados da longa espera e sem vontade de prejudicar o processo de venda, não quiseram prestar declarações a O MIRANTE,
mas confirmaram que a assinatura das escrituras está para breve. Apesar do prédio estar em risco de ruir, alguns moradores arriscaram estacionar o automóvel nas antigas garagens, onde são visíveis a olho nu as fendas gigantes que a inclinação do edifício provocou.
A Rua Quinta de Santo Amaro tornou-se um lugar sombrio. As placas com anúncios de “Vende-se” em algumas das vivendas que se situam em frente aos lotes que irão ser demolidos pela autarquia, denunciam o receio que atingiu os vizinhos. Quem vive no Lote 3, paredes meias com o lote que é propriedade do banco Montepio - que entrou também em acordo com a autarquia - espera não ter de abandonar o lar, como confidenciou ao nosso jornal uma moradora, que preferiu não ser identificada. “Do que tenho conhecimento, o nosso lote não está em risco, por isso não estou a pensar mudar de casa”.
A mesma sorte não calhou a quem foi obrigado a deixar o lar depois de uma década. Houve quem tivesse pago por um apartamento de quatro assoalhadas - com uma vista privilegiada sobre a lezíria - cerca de 160 mil euros. Um dos moradores, que garante ser um dos menos prejudicados em termos financeiros, afirma que ainda assim perdeu “30 mil euros”. Mas melhor esse valor do que ficar de mãos a abanar.

Câmara gasta um milhão de euros no processo
Os quartos enormes, com despojos de um abandono lento, as varandas desafogadas ou os barbecues, agora vazios, são fantasmas de um processo que levou a Câmara de Vila Franca de Xira a pedir cerca de um milhão de euros emprestados à banca para cobrir o valor de compra das fracções. Um número que engloba também o custo da demolição, que estava prevista acontecer ainda este Verão.
“Estivemos a aguardar o parecer do Tribunal de Contas para finalmente avançarmos com a compra”, disse a O MIRANTE Alberto Mesquita, que se mostrou satisfeito pelo finalizar do processo. “Só recebemos a aprovação do orçamento [pelo Tribunal de Contas] há cerca de um mês. Agora, as famílias poderão finalmente retomar as suas vidas”.
O autarca adiantou também que “apenas duas fracções” não vão ser compradas já este mês, mas devido a questões burocráticas: “Falta documentação da parte dos proprietários”, disse o edil. No lugar dos Lotes 1 e 2 vai nascer um miradouro e espaço de lazer.

Antigos moradores de prédio do Monte Gordo despediram-se das suas casas

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