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Habitação que é abrigo de cães e gatos pode ser caso de saúde pública

Habitação que é abrigo de cães e gatos pode ser caso de saúde pública

Autoridades quiseram fazer vistoria a casa em Vila Chã de Ourique mas não conseguiram entrar. Vizinhos promoveram um abaixo-assinado queixando-se do barulho e do mau cheiro e o caso foi remetido para o Ministério Público. Saúde pública e o bem-estar animal podem estar comprometidos.

A Câmara do Cartaxo pediu um mandado ao Ministério Público para poder fazer uma vistoria a uma casa particular em Vila Chã de Ourique onde se suspeita que estejam acolhidos cerca de 40 cães e gatos acolhidos pelas duas mulheres que ali vivem.
Essa medida surge na sequência de um abaixo-assinado subscrito por 57 moradores da vizinhança. No documento enviado ao presidente da Câmara do Cartaxo refere-se que o ruído causado pelos 40 animais impossibilita o descanso dos moradores das proximidades do número 17 da Rua 1.º de Maio (Estrada Nacional 3), principal artéria da vila. A falta de higiene do espaço também é questionada, assim como as condições e o bem-estar dos animais. O mau cheiro é apontado como outro dos grandes problemas.
O mandado surge após a tentativa da inspecção ao local, no início de Agosto, por parte do delegado de saúde e do veterinário do município (acompanhados pela GNR), que não conseguiram entrar na casa onde moram duas mulheres, mãe e filha - como referiu a O MIRANTE o presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro (PS).
A autarquia está a aguardar a resposta do Ministério Público que só deve chegar durante este mês de Setembro, uma vez que as férias judiciais atrasam a resolução do caso que pode representar um problema de saúde pública. O autarca Pedro Ribeiro referiu ainda que todas as pessoas que tem ouvido sobre este caso lhe comunicam que o caso é recorrente. “Saltitam de concelho em concelho e assim que são visadas abandonam o local e vão para outro sítio com os cães. Segundo ouvi estiveram em Rio Maior, Almeirim e em Sintra”, conta.

“É tudo um total mistério”
O MIRANTE também não conseguiu contactar as moradoras na casa visada mas falou com uma das promotoras do abaixo-assinado, Maria Cristina Costa, que nos disse que a casa onde se encontram os animais pertence ao seu irmão, o herdeiro da casa, estando arrendada às duas senhoras há mais de um ano.
Maria Cristina diz não saber muito sobre as duas mulheres que vivem nessa casa. “Segundo consta já tiveram outros casos idênticos noutros locais, mas ninguém se apercebe como metem os cães nas casas. Não falam nem deixam entrar ninguém e só quando surge o barulho e o cheiro é que se dá conta da situação. Isto é um problema para os vizinhos e mete-me pena. Vá-se lá saber em que condições estão os animais. É tudo um total mistério”, remata.
Uma das signatárias do documento refere que ouve os latidos dos cães e que o cheiro se sente na sua casa, a pouco mais de 20 metros do local. “Até se vêem as moscas e os mosquitos na janela quando passamos por lá e pelo que me disseram há cães em quartos e tudo”, refere Deolinda Benavente.
Sebastiana Luís vive a uma casa de distância da moradia, mas apesar de não ter assinado o documento concorda com os vizinhos. Refere que por vezes passa uma “água negra” na sarjeta junto à estrada em frente à sua habitação com um cheiro intenso.

“É uma doença” diz o presidente da APAAC

O presidente da Associação de Portecção aos Animais Abandonados do Cartaxo (APAAC) confirma que há mais de um ano que foi alertado para a situação, referindo que são as entidades municipais que têm poder nestes casos. Veladimiro Elvas afirma que chegou a falar poucos minutos com as mulheres que moram na casa e que apenas viu alguns gatos na janela. “Quando fui avisado passei por lá e troquei algumas palavras com as senhoras à porta da casa. Avisei para o incómodo dos vizinhos mas disseram-me que estava tudo bem”, conta.
No entanto, o dirigente explica que já teve casos idênticos no concelho há muitos anos, nomeadamente na Lapa e em Valada, o que o leva a pensar que se trata de acumulação de animais. “É uma doença, um problema que elas trouxeram de Lisboa que se chama síndrome da arca de Noé. Recolhem animais da rua e têm uma enorme falta de cuidado da habitação, deixando-a deteriorar-se até se tornar um problema de saúde pública”, sublinha. Veladimiro diz que para além de incomodar a vizinhança, a saúde e o bem-estar dos animais podem estar comprometidos: “Os animais precisam de sol, principalmente os cães, que lhes dá uma vitamina importante, e de um espaço aberto”.
A APAAC refere ter espaço no canil que gere para albergar os animais caso estes tenham de ir para o local mas adverte que a alimentação pode estar comprometida com o acolhimento de tantos animais. “Mas por agora temos de esperar pelos trâmites legais”, conclui.

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