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Cada obra inaugurada significa muitas despesas de manutenção e para essas não há fundos comunitários

Cada obra inaugurada significa muitas despesas de manutenção e para essas não há fundos comunitários

Presidente de Constância, Júlia Amorim (CDU) e presidente da Golegã, Rui Medinas (PS). Os dois convidados para a série de conversas a que demos o nome de “Duetos Improvisados entre pessoas que tocam sempre a mesma música” falaram de assuntos sobre os quais não falam frequentemente como sestas, medos pessoais, postais de Boas Festas em papel...mas de vez em quando foi inevitável tocarem algumas notas da pauta da política.

Com a Festa do Avante ainda fresca, uma vez que decorreu no fim-de-semana anterior à segunda-feira da entrevista e sendo certo que Júlia Amorim não faltou, havia a curiosidade de saber se o socialista Rui Medinas tinha ido ao grande acontecimento anual do jornal oficial do PCP. A resposta foi negativa. Não foi este ano nem a nenhuma das 40 edições já realizadas. A justificação é dada de forma humorada.
“Agora não era boa altura para ir. Podia ficar a ideia que só fui ao fim de tantos anos por causa desta coisa da ‘geringonça’. De o Governo PS estar a ser apoiado pelo PCP”, diz, acrescentando que não tem qualquer preconceito em relação ao evento. Júlia Amorim aconselha-o a ir. “É uma festa única. E vão muitas pessoas que não são do PCP. Se todas as pessoas que lá vão votassem PCP...(riso)”.
À entrada para o estúdio improvisado, perante as duas cadeiras colocadas em frente a um cenário feito de imagens de capas de antigas edições de O MIRANTE, os convidados acertam entre si o local a ocupar. O presidente da Câmara da Golegã, Rui Medinas (PS), dá primazia de escolha à presidente da Câmara de Constância, Júlia Amorim (CDU), que escolhe ficar à esquerda.
A sala não tem ar condicionado mas Rui Medinas vai manter o casaco vestido até ao fim e prefere estar bem recostado. Júlia Amorim senta-se de lado numa posição menos confortável mas que lhe permite ver melhor o seu colega.
Sendo Constância e a Golegã dois municípios de pequenas dimensões com poucas receitas próprias, o assunto acaba por entrar na conversa. “Contávamos com uma derrama de 300 mil euros o ano passado, verba que não é nada para municípios grandes, e tivemos 50 mil euros. E temos em Constância duas grandes empresas como a Caima e a Tuperware. A Autoridade Tributária, por dever de sigilo, não nos explica porquê”, diz Júlia Amorim.
E acrescenta: “O mesmo se passa com o IMI. Temos que decidir a nível local o que cobrar, entre valores previamente definidos, mas depois há outros factores introduzidos pela Administração Central, nomeadamente a nível de isenções automáticas que baralham as contas. Eu ainda não sei o impacto que isso vai ter no meu concelho”.
Rui Medinas concorda. “O vereador do PSD/CDS também queria o IMI mais baixo. Mas já estamos a desonerar agregados familiares com filhos e com as isenções automáticas dadas pelo Governo com base em rendimentos e valor atribuído às habitações as receitas diminuíram”.
Para Júlia Amorim o desafio actual em concelhos como Constância é manter os equipamentos que foram construídos com qualidade, procurando introduzir-lhes melhorias porque fazer obras novas vai ser difícil.
O presidente da Golegã fala num projecto de ligação através de uma ponte na zona do Equuspolis, entre a zona urbana e a zona rural da Golegã, com circuito de manutenção e outros equipamentos, para o qual vai ter financiamento. “As pessoas dizem que há dinheiro para isto e não há para o troço da Nacional 365 entre Golegã e Pombalinho. O problema é que não há fundos comunitários para o arranjo da estrada e além disso a estrada nem é nossa mas da Infraestruturas de Portugal, que está a fazer alguns arranjos mas não é aquilo que consideramos necessário. Seja como for, se não aproveitarmos os fundos disponíveis não temos nada”.
A presidente da Câmara de Constância já visitou a Casa-Estúdio Carlos Relvas e o Museu Martins Correia na Golegã. Rui Medinas nunca foi ainda ao Centro de Ciência Viva nem ao Borboletário Tropical do Parque Ambiental de Santa Margarida.
Quanto ao facto de a Golegã ser a Capital do Cavalo, Rui Medinas diz que não pratica equitação e na Romaria dos Romeiros de S. Martinho que se realiza em Maio vai num carro puxado por cavalos. Júlia Amorim experimentou andar a cavalo quando era criança mas teve medo e nunca mais quis repetir.

O presidente que às vezes dorme sobre os assuntos mas que não sonha com trabalho

O presidente da Câmara da Golegã diz que dorme pouco mas que acorda sempre bem disposto. Além disso tem outra particularidade curiosa em termos de descanso, que é conseguir dormir, por etapas, digamos assim.
Durmo entre cinco e seis horas por noite. E posso dormir duas ou três horas, acordar, fazer qualquer coisa e voltar a dormir. De qualquer maneira quando durmo, durmo mesmo e acordo sempre bem disposto. Pode dizer-se que descanso. Quanto a dormir a sesta também gosto mas geralmente não tenho tempo. Pelo menos à hora a que é habitual dormir a sesta. Mas posso dormir uma sesta ao fim do dia, por exemplo”.
Rui Medinas confessa que já lhe aconteceu arranjar um tempinho para uma breve sesta a meio do dia. “Confesso que um dia ou outro me aconteceu estar a trabalhar no gabinete, recostar-me para pensar num assunto e adormecer durante algum tempo. Os dias são muito preenchidos. Há períodos do dia, em determinados momentos do ano, em que temos uma acumulação tal que me acontece dormitar e depois voltar ao trabalho”, conta. O autarca nunca sonha com trabalho mas sim com outras coisas que, entre risos, diz preferir não revelar. Acrescenta que também não tem pesadelos.
A presidente da Câmara de Constância confessa que só consegue arranjar tempo para dormir a sesta nas férias, como aconteceu este Verão. Também não costuma ter pesadelos mas muitos sonhos estão ligados a assuntos que viveu durante o dia...mas em versões diferentes do que se passou na realidade.

O anjinho com medo de foguetes e Cavaco Silva a fugir das canas

Quando tinha seis anos, Júlia Amorim foi uma das atracções da procissão da Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem por causa do medo que tinha dos foguetes. “A minha mãe teve a infeliz ideia de me meter na procissão vestida de anjinho e foi uma vergonha. Era eu a fugir para debaixo dos andores, a meter-me debaixo do casaco da catequista, em pânico...”, conta.
A autarca diz que ainda foi pior porque havia uma espécie de competição entre particulares para ver quem deitava mais foguetes enquanto passava a procissão e uma grande parte do percurso era feito ao som do rebentamento dos mesmos.
O facto de os foguetes serem lançados muito perto também provocava a queda das canas em cima das pessoas. O presidente da Câmara da Golegã lembra-se de nos anos oitenta ter subido o Tejo de canoa nas Festas de Constância e de, no momento da bênção das embarcações, no rio Zêzere, ter que abandonar a concentração de barcos porque as canas estavam a cair no local.
Rui Medinas não foi o único nem o último a fugir das canas de foguetes. A presidente de Constância lembra um episódio do género ocorrido no início dos anos noventa. “Cavaco Silva era primeiro-ministro e tinha ido à festa para inaugurar a nova biblioteca e participou na procissão. Quando a mesma chegou ao largo da igreja começaram a ser lançados foguetes ali mesmo, por iniciativa da paróquia. Com as canas a caírem por todo o lado os seguranças de Cavaco Silva acabaram por ter que o retirar do local, a ele e à comitiva, o mais rapidamente possível”.
Júlia Amorim diz que actualmente não tem medo de foguetes. “Habituei-me depois de ter iniciado a minha actividade autárquica. Afinal quase todas as festas tinham foguetes e eu não podia continuar a passar por vergonhas”.

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