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Vila Franca de Xira despediu-se de José Manuel Amador

Vila Franca de Xira despediu-se de José Manuel Amador

Serviu Portugal no Reino Unido como vice-cônsul até 2004. Faleceu aos 69 anos vítima de problemas cardíacos.

Vila Franca de Xira despediu-se no sábado, 3 de Setembro, de José Manuel Amador. O antigo vice-cônsul serviu Portugal em Londres, Inglaterra, até 2004, ano em que se reformou. Mais de cem pessoas estiveram presentes no funeral, que se realizou na capela do cemitério da cidade onde nasceu há 69 anos.
O presidente da Assembleia de Freguesia de Vila Franca de Xira, António Matos, recorda que José Amador nunca esqueceu a sua cidade, mesmo quando esteve em Inglaterra. “A nossa relação era muito próxima, ele era um amigo muito interessado em Vila Franca, tinha uma grande preocupação e vontade em melhorar a cidade. O pensamento dele estava sempre com Vila Franca de Xira, nunca deixou de ser vilafranquense. É uma perda importante para a cidade, ficamos muito tristes. Vila Franca perde mais um ícone”, afirma.
António Guerra foi colega de Amador nos tempos de escola, e também privou com o diplomata quando esteve emigrado em Inglaterra. “Ele era muito boa pessoa, estava sempre presente nas largadas de toiros de Vila Franca”, recorda o senhor de 72 anos.
José Amador faleceu no dia 31 de Agosto, vítima de problemas cardíacos. Apesar de muito acarinhado pelos vilafranquenses, o processo de divórcio marcou fortemente a vida do ex-diplomata nos últimos tempos. “Acusou muito o divórcio da mulher. Ele nos últimos tempos andava descuidado com a saúde. Infelizmente parte prematuramente, mas já estava a palpitar que fosse assim”, indica o irmão, Mário Amador.
O presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca, Mário Calado, apontou a importância de Amador para a cidade de Vila Franca de Xira. “Ele foi um homem fundamental para pessoas que foram daqui de Vila Franca viver para Inglaterra. Vejo aqui hoje gente que não via há imensos anos e vejo-as hoje por causa da figura que foi José Amador”, diz o autarca.
O funeral estava previsto para ocorrer na manhã de sábado, mas foi agendado para a tarde, de forma a que a mulher e a filha pudessem estar presentes. O outro filho de José Amador está a residir na Califórnia, Estados Unidos da América, e não marcou presença.
José Amador foi reconhecido pela Rainha Isabel II de Inglaterra, distinguido com a Comenda de Grau Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique e considerado cidadão de mérito da cidade de Vila Franca de Xira.

Filho de uma varina que chegou a diplomata

Em entrevista a O MIRANTE, publicada na edição de 24 de Julho de 2008, José Amador contava que não tinha nascido em berço de ouro e vincava a sua opinião sobre o concelho. Recuperamos alguns excertos:
“Nasci em Vila Franca, num bairro que acomodava varinos, na travessa do mercado, que hoje é quase uma avenida. Estávamos no final dos anos quarenta, no final da guerra. Os meus pais são originários da Murtosa, eram varinos. Toda a minha universidade foi a vivência com as gentes do rio e com a massa trabalhadora que se fixou nesta região para trabalhar em actividades ligadas ao rio e à indústria”.
“A vida era complicada, as famílias eram numerosas e tinham muitas dificuldades. Mas tive uma infância muito feliz. Nasci em casa com a ajuda duma parteira e de parto natural. A minha mãe era varina e levava-me dentro duma alcofa quando ia vender o peixe. O meu pai era funcionário da Administração do Porto de Lisboa. Eram pessoas muito honestas e trabalhadoras”.
“Tudo o que vivi na infância e juventude ajudou a formar o meu carácter. A honestidade, valores de honra, o respeito pelo próximo, a solidariedade entre as pessoas e o comportamento cívico empenhado ainda hoje são marcas na minha personalidade”.
Sobre o Museu do Neo-Realismo dizia: “A cidade precisava de atracções culturais. Foi feito um enorme investimento mas os resultados podem não atingir o que se pretendia. Temos uma peça bem desenhada, mas vazia de pessoas. O museu já está a ser usado como ferramenta política. (…) O Neo-Realismo escondeu uma linha política muito identificada. Por mais que a programação tente ser isenta, é difícil porque o museu está conotado politicamente. (…) O museu e os espaços públicos têm de respirar, têm de ter ar puro. O museu é mais uma asfixia para a cidade como foi o centro comercial”.

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