uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Aos 10 anos já conduzia camiões

Aos 10 anos já conduzia camiões

Rui Nunes é gerente de uma empresa de transportes e transitários internacionais de Aveiras de Cima.

Nasceu no meio de camiões e cedo apanhou o gosto pela área onde o pai trabalhou. Antes de Rui estar definitivamente ligado à Intertráfego foi mecânico de automóveis e depois de ser gerente da empresa de transportes tentou a sua sorte com um restaurante, um bar e uma casa de câmbio no Brasil. Hoje comanda os destinos da empresa de Aveiras de Cima que vai crescer no leste da Europa, sempre com os ensinamentos que o pai lhe deixou.

Desde os 18 anos que Rui Nunes está na Intertráfego, empresa de transportes e transitários internacionais criada em 1967 em Lisboa pelo seu pai. Quando a sede passou para Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, o actual gerente veio viver para a zona onde sentiu diferenças, principalmente no trânsito. “Foi uma boa mudança de ares”, refere o gestor que há ano e meio vive no Cartaxo.
Rui Nunes tem 55 anos, é natural de Lisboa e cedo apanhou o “bicho” dos transportes. Nunca teve outro objectivo senão seguir as pisadas do pai porque, como diz com orgulho, “ele foi o primeiro motorista de camiões TIR [Transporte Internacional de Cargas] em Portugal”. “Tenho um irmão, mas eu era o que se portava menos bem e como castigo viajava com ele durante as férias”, acrescenta.
Desses tempos Rui recorda-se de chover dentro do camião onde tinha de abrir um chapéu de chuva. “Hoje em dia os camionistas dizem que sofrem muito, mas no tempo do meu pai aquilo é que era sofrer, os veículos e as estradas eram muito diferentes”, afirma Rui que aos 10 anos já conduzia um pesado. “Sentava-me em duas almofadas e para meter mudanças tinha de estar de pé porque era preciso muita força para a embraiagem”, revela.
Nunca chegou a concluir o quinto ano do curso comercial porque perto dos 17 anos quis ir trabalhar, uma decisão da qual nunca se arrependeu: “Acho que sei o suficiente para o que faço e como leio muito e tento ter uma boa cultura geral não vejo problemas nisso”.
O seu primeiro emprego foi numa oficina em Benfica (Lisboa) com um primo, onde esteve dois anos. Pouco depois dos 18 anos o primo foi viver para França e Rui recebeu do pai um convite para ser comercial e representar a Intertráfego na alfândega de Lisboa. Na altura da Expo 98 a empresa mudou-se para Aveiras de Cima, momento em que Rui Nunes passou a ser um dos gerentes.
Rui tentou a sua sorte nos negócios no Brasil há sete anos. “Não ia com nenhuma ideia fixa, fui à procura de negócio independentemente da área, poderia ser uma sapataria ou outra coisa qualquer”, afirma. “Queria afastar-me dos transportes, tal como fez o meu irmão, porque o mercado começou a saturar”, acrescenta.
Em Copacabana, Rio de Janeiro, conseguiu criar um restaurante, um bar e uma casa de câmbios, onde viveu durante quase cinco anos. Sentiu dificuldades em conjugar os negócios para obter alguma rentabilidade e ainda chegou a fazer contactos na área dos transportes. “Esta área está muito enraizada no Brasil que é enorme e quem é de fora tem dificuldades em singrar. É preciso conhecer quem já trabalha no mercado e fazer uma parceria”, refere.
Depois de saber que o seu pai teve três AVC aceitou regressar para a empresa com o irmão que estava em Angola. No início deste ano o pai de Rui faleceu devido à quebra da viga central de um dos portões da empresa que lhe caiu em cima. Agora está sozinho no comando da Intertráfego depois do seu irmão ter decidido experimentar outras áreas. “Gabo-lhe o facto de ser aventureiro”, sublinha.
Na família apenas um dos seus filhos pode seguir os passos. Rui já disse à sua filha de 13 anos que a empresa está a ser construída para ela, apesar dela admitir que não percebe de transportes. “Nenhum dos outros se interessa e ela pediu-me para lhe ensinar a trabalhar, no entanto diz-me para ter atenção ao ordenado”, conta entre risos.
O seu trabalho implicada ter sempre o telemóvel ligado e muita dedicação. “Faço tudo nesta empresa: contabilidade, tráfego, gestão, apesar dos números serem a parte chata, mas se são positivos é uma enorme alegria”, afirma. Quanto ao sucesso, define-o em três ideias: profissionalismo, acompanhamento ao cliente e cumprimento. “Apesar de não ser fácil gerir tudo isto, vamos caminhando. Queremos fidelizar os clientes, angariar novos, temos uma boa equipa e queremos conquistar novos mercados, sempre com cabeça, tronco e membros”, conclui.

Aos 10 anos já conduzia camiões

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido