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Jovens de Santarém procuram apoios para integrar rali solidário até Marrocos

Jovens de Santarém procuram apoios para integrar rali solidário até Marrocos

Tomaram conhecimento do 4L Trophy há dois anos e agora preparam a sua participação. Bernardo Sebastião e Miguel Silva são amigos e procuram financiamento para um rali solidário que começa em França e acaba em Marrocos, com o objectivo de apoiar a educação nesse país africano.

Têm ambos 20 anos, são de Santarém e conheceram-se no Rugby Clube de Santarém antes de partilharem a mesma turma no secundário na Escola Sá da Bandeira. Bernardo Sebastião estuda engenharia automóvel na Universidade de Brighton (Inglaterra) e é um apaixonado pelos desportos motorizados e Miguel Silva estuda engenharia mecânica no Instituto Superior Técnico (Lisboa) e dedica os seus tempos livres a causas sociais. Há dois anos conheceram um projecto que alia esses dois mundos e agora querem participar num rali de França até Marrocos com um objectivo solidário.
“Tive conhecimento deste projecto no 12.º ano nas notícias mas nunca mais ouvi falar dele. Falei com o Bernardo e perguntei-lhe se não queria ir assim que fossemos para a faculdade”, conta Miguel Silva. Este ano Bernardo achou que já tinham capacidade, falaram com equipas portuguesas que já foram ao rali e começaram a criar o projecto em Março para a equipa Miles 4 All participar no próximo 4L Trophy.
Jean-Jacques Rey foi o criador da ideia em 1996. O piloto do Paris-Dakar queria proporcionar aos jovens a sua paixão pelo rali e pelo deserto e quis um evento com baixos custos e de logística simples. Nasceu assim o 4L Trophy, que parte de Biarritz (sul de França) até ao sul de Espanha e depois da travessia do Mediterrâneo chega a Marrocos tendo como destino Marraquexe. Uma prova com cerca de 6 000 quilómetros.
Participam jovens entre os 18 e os 28 anos, sendo obrigatória a utilização de carros da marca Renault 4L. O grande objectivo é apoiar a educação em Marrocos: cada equipa doa no mínimo 50 quilos de material escolar à Associação Enfants du Desért e uma percentagem da inscrição vai para a construção de escolas no país - “este projecto já permitiu a construção de três escolas, tendo beneficiado mais de 25 mil crianças”, sublinha Miguel.
Dez dias sem folgas
Actualmente os dois jovens ribatejanos procuram mais patrocínios para confirmar a sua inscrição até ao início de Novembro. E entretanto vai ter início um crowdfunding [campanha pública de angariação de verbas na Internet] para conseguirem o orçamento necessário para a participação no evento, 7.550 euros. Entre os patrocínios já garantidos está a Renault Portugal que apoia todos os anos dois projectos e os Miles 4 All foram um dos contemplados.
A prova acontece ao longo de 10 dias, sem folgas. No final de cada etapa é montada uma zona de assistência onde os participantes dormem mas na última etapa os participantes acampam e dormem no deserto. “As equipas juntam-se a confraternizar e no dia a seguir continuam até ao local final do rali”, conta Bernardo. A organização disponibiliza ainda 250 mecânicos para assistir os participantes.
Bernardo admite que os familiares têm uma preocupação “natural”. “No entanto eles têm sido uma grande ajuda com os contactos às empresas. Já os nossos amigos ficam incrédulos no início mas depois mostram muita vontade em participar, com textos e a nossa imagem”, acrescenta Miguel.
O projecto Miles 4 All pode ser acompanhado em www.facebook.com/miles4all.

Solidariedade e velocidade

Miguel Silva é o que está mais ligado às causas sociais. Está no projecto Refood (Lisboa) que reaproveita excedentes alimentares e dá a quem mais precisa. “Em Santarém estive ligado ao Banco Alimentar e no Re-Colour, um projecto que recuperou casas em Santarém para quem não tinha possibilidades financeiras. Como fomos para Lisboa não teve continuidade, mas ainda recuperámos quatro casas”, acrescenta o co-piloto que se vê a trabalhar no futuro com energias renováveis.
Bernardo Sebastião gosta do desporto motorizado por influência do pai. “Tenho esse bichinho das corridas desde cedo, daí ter escolhido ir para Inglaterra porque quero tirar um mestrado em desporto motorizado e trabalhar nas equipas técnicas da Formula 1 ou dos ralis. Em Portugal é difícil trabalhar nesta área”, acrescenta.

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