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Ribatejo – Alentejo e turismo

Discordo que o ator principal seja o turista como se apregoa; o ator principal é quem vive no destino. Saibam, só há turismo no Ribatejo e Alentejo se houver ribatejanos e alentejanos.

Para além do Tejo parece que o turismo também une o Ribatejo ao Alentejo. Nesta matéria começo a ficar cada vez mais desconfiado do milagre do turismo, perdoem-me os muitos entusiasmados com o setor. No caso, a Entidade Regional de Turismo (ERT) parece que faz milagres.
Em Évora decorreu uma conferência internacional (estavam lá uns espanhóis) sobre a certificação do destino turístico; isto é, o Ribatejo e o Alentejo, segundo o presidente Ceia da Silva sempre na frente, vão ser o primeiro destino certificado. Nesta coluna, sem ter nada a ver com o assunto, já escrevi que a “moda” da certificação já passou. O mercado, leia-se o consumidor, começa a desconfiar dos selos, bandeiras e certificações que tudo lhe garantem. Vejam o importantíssimo setor automóvel e a credível e global marca alemã Volkswagen – compreendem agora ao que me refiro e o porquê do meu ceticismo? Voltemos à certificação do destino Tejo. Desde logo discordo que o ator principal seja o turista como se apregoa; o ator principal é quem vive no destino. Saibam, só há turismo no Ribatejo e Alentejo se houver ribatejanos e alentejanos e, na verdade, são estes os verdadeiros atores principais, o resto é fandango, isto é, retórica feita e ajustada ao modelo vigente - a certificação para nossa salvação. O objetivo, e muito bem, é receber bem, cada vez melhor, os turistas – este é o melhor dos argumentos para fundamentar a razão de o residente ser o ator principal.
Temos todos os valores de base, o que muito gosto de designar por patrimónios mas isso só não chega, temos que nos distinguir em receber bem, não só pelas infraestruturas mas pela formação, simpatia, cultura e tradição, entre outros; cá está outra vez o ator principal, quem recebe.
Por tudo isto o objetivo da certificação anunciada são os destinos turísticos, as unidades de alojamento, os produtos turísticos e a animação turística, qualquer coisa como “o mundo e tudo à volta”. Nada menos que tudo, com a ERT é assim. O trabalhar em conjunto/rede com todos os setores/atores é essencial foi, igualmente, uma das ideias fortes que se ouviu; quem discorda desta generalidade?
E a comunicação? O papel da comunicação é fundamental, incontornável e determinante. Considera-se o O MIRANTE como veículo de comunicação de excelência e regionalmente global ou só serve para publicar umas fotografias dos múltiplos eventos?
Relevante é o facto de todas as entidades presentes falarem a uma só voz, estão todos de acordo, apesar do responsável pelo Turismo de Portugal se esquecer do mais importante, a dimensão cultural: somos inovadores e estamos na frente. Uma coisa vos garanto, se assim for quem mais vai ganhar é quem cá vive e não o turista que nos visita, ainda bem que assim é.
Carlos Cupeto – Universidade de Évora

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