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Cancioneiro da Sustentabilidade

Isto carateriza bem o povo que somos, bem acomodado no sofá com um comando de 200 canais na mão que quando sai à rua diz mal de tudo e de todos mas que nada faz para mudar o que seja porque há sempre alguém responsável. Se juntarmos a inveja temos o pacote perfeito.

A Rosmaninho Editora de Arte honrou-me com a publicação de um livro, o Cancioneiro da Sustentabilidade. Escrevo um dia depois da apresentação deste no Centro Cultural de Cascais, onde umas dezenas de pessoas conversaram à volta do tema publicado. Depois de Évora, agora Cascais. Seguir-se-ão Elvas, Parede e Lisboa. É um tema que há umas dezenas de anos se mantém atual e assim vai perdurar, embora gasto. Gasto de tal forma que durante algum tempo evitei a palavra sustentabilidade. Quem de quando em vez me lê sabe que não tenho paciência para os lugares comuns e que a maioria das vezes ando ao revés, não porque isso me dê algum gozo mas sim porque conheço e penso. Muito mais que uma compilação de textos, este livro tem uma lógica e uma proposta associadas; também por esta razão desejo promover o debate e criar a cultura que me seja possível – as tertúlias e as caminhadas em que vou participando, parece que não mas contribuem para este objetivo. Alguns dos textos que integram o livro têm mais de quinze anos e foram publicados em vários jornais e revistas e isso não é nada despiciendo, antes pelo contrário: os leitores e o tempo validaram-nos; “aos costumes disse nada” (tudo está na mesma); e, a Terra tem uma capacidade de resiliência brutal. Mas o mais relevante mesmo é o “aos costumes disse nada” nos seus mais diversos significados e subtilezas. A grande maioria destes textos sobre a Mãe Terra, o valor do local (up local) e a economia da Terra (economia verde) são desalinhados do status quo e apesar de serem tendencialmente propositivos raramente provocam reações, sejam elas quais forem. Isto carateriza bem o povo que somos, bem acomodado no sofá com um comando de 200 canais na mão que quando sai à rua diz mal de tudo e de todos mas que nada faz para mudar o que seja porque há sempre alguém responsável. Se juntarmos a inveja temos o pacote perfeito.
Um bom exemplo foi o escrito publicado a semana passada pois levanta questões muito significativas sobre o importante sector do turismo e é contraditório em muitos aspetos no que respeita à política e postura da Entidade Regional de Turismo. As mesmas ideias foram igualmente publicadas no Diário do Sul (Alentejo) mas nem de um lado nem do outro houve qualquer tipo de comentário ou reação, apesar de ambos os jornais serem bastante lidos, felizmente.
Será que tenho alguma razão?
O silêncio e os textos atuais com quinze ou mais anos publicados agora no Cancioneiro ajudam à resposta.
Carlos Cupeto – Universidade de Évora

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