Ricardo Costa e António Costa doam espólio do pai ao Museu do Neo-Realismo
António Costa elogiou o papel do museu na preservação dos espólios dessa corrente artística
O primeiro-ministro, António Costa, e o irmão, o jornalista e Ricardo Costa, doaram esta terça-feira, 25 de Outubro o restante espólio do pai, o escritor Orlando da Costa, ao Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira, numa cerimónia onde se assinalaram os nove anos do museu nas novas instalações, arquitectadas por Alcino Soutinho. A sessão contou também com a doação do espólio literário por parte dos familiares dos escritores neo-realistas Mário Braga e Mário Sacramento.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, lembrou a importância da instituição sediada na cidade para o estudo desta corrente artística que surgiu no século XX. “O arquitecto Alcino Soutinho tinha a consciência que o museu só poderia manter a sua génese com instalações que assegurassem uma correcta guarda de estudo e exposição de espólio. Todos sabíamos que o esforço criado por um conjunto de intelectuais apenas ganharia novo fôlego se fosse criada uma casa onde este movimento fosse estudado. O museu do neo-realismo dispõe hoje de um vastíssimo espólio documental e artes plásticas, recolhido ao longo de quase três décadas de dedicação da Associação Promotora do Museu e da câmara municipal”, disse o autarca.
O primeiro-ministro tomou a palavra e afirmou que o museu em Vila Franca não só preserva como dá acesso a obras que durante muitos anos estiveram censuradas pelo regime do Estado Novo.
“Quando o museu foi inaugurado o Ricardo Costa e a mãe estiveram aqui, onde entregaram o principal espólio da parte criativa do meu pai [Orlando da Costa]. Com o falecimento da mãe do Ricardo entregamos o resto do espólio que fica em boas mãos mas, sobretudo, fica acessível. O Museu do Neo-Realismo tem permitido a preservação dos espólios desta corrente artística e da divulgação de muitos artistas que durante muitos anos foram silenciados. Quando chegou o 25 de Abril o meu pai tinha toda a obra poética, romances e a peça teatral apreendidos e impedidos de ser publicados”, disse António Costa.
O primeiro-ministro acrescentou: “Esta doação é uma forma de assegurar aquilo que foi o trabalho do nosso pai. Daquilo que o influenciou, daquilo que ele escreveu. Que após tantos anos censurado possa finalmente ser conhecido. Foram muitas décadas em silêncio, agora é bom que estas obras possam ser conhecidas”.