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“A sensibilidade das mulheres e a sua capacidade para se colocarem no lugar do outro”
Carla Dias Crispim

“A sensibilidade das mulheres e a sua capacidade para se colocarem no lugar do outro”

Carla Dias Crispim, Entroncamento, gestora várias lojas MultiÓpticas no Médio Tejo

Porque é que em Portugal não há mais mulheres em lugares de topo na política? Colocada perante esta pergunta, Carla Dias Crispim, gestora de várias lojas MultiÓpticas na zona do Médio Tejo, começa por dizer que é por razões históricas e de educação mas que a situação está a mudar. Depois acrescenta. “(...)do meu ponto de vista, quem é que quer ir para a política neste momento??? Questiono-me se tivéssemos mais mulheres na Política não estaríamos numa situação melhor…”.
E quando fala em mulheres fala naquelas que não fazem qualquer esforço para imitar os homens. “Não gosto do sistema de quotas na política (que obriga a incluir um certo número de mulheres nas listas de candidatos), Prefiro que as mulheres e os homens sejam nomeados pelo seu valor, competência e desempenho, o que já acontece geralmente no sector privado, onde o que conta é o mérito, do que para cumprir uma quota. Estranho quando vejo algumas mulheres masculinizarem-se para aceder ao que é suposto ser o universo masculino”, explica.
Carla Dias Crispim nunca sentiu pena de não ter nascido rapaz. Considera que um dos traços comuns à maioria dos homens é serem mais descomplexados que as mulheres mas que estas têm a vantagem de conseguirem ter uma perspectiva mais abrangente do que se passa e de conseguir ver mais partes do todo. “Acho que a maior força das mulheres reside naquilo que durante muito tempo foi considerada a sua maior fraqueza: a sensibilidade, a capacidade de se colocar no lugar do outro, a memória emocional”, explica.
Lamenta que ainda não haja igualdade de géneros mas faz questão de frisar que uma coisa é a eliminação das situações de discriminação por questões de sexo e outra são as diferenças que convém preservar. “(...) Penso que é bom preservar algumas diferenças, porque não somos iguais, temos diferenças inerentes à condição de ser Homem ou Mulher que devem ser, não só respeitadas, mas até valorizadas”.
O seu escritor preferido é José Saramago e é a ele que recorre quando fala no esforço que deve ser feito, logo na altura da educação dos filhos, para eliminar de vez o machismo. “Cabe-nos a nós, pais, eliminar alguns preconceitos machistas que ainda possam subsistir na sociedade. Tal como nos cabe educar para o respeito pelo Ser Humano, independentemente do sexo, da cor, da idade, orientação sexual… Numa entrevista, José Saramago afirmou que cabe aos homens oporem-se ao machismo, manifestarem-se contra. Concordo com isso”.
Interrogada sobre se algumas atenções dispensadas por homens às mulheres não podem, por vezes, ser formas encapotadas de machismo, diz que isso tem que ser percebido pela mulher que é alvo dessas atenções. “Não tem mal um homem mostrar educação e ser simpático com uma mulher, tal como não tem mal ela sorrir de volta e agradecer. A não ser quando lhe manifeste que esses gestos não são do seu agrado”, defende.
Carla Dias Crispim é totalmente contra a ideia de alguém mandar em casa, seja o homem ou a mulher e não considera necessária uma divisão de tarefas domésticas a regra e esquadro. “Nalguns dias o trabalho é dividido meio-meio, noutros dias calha-me 90% e noutros 10%. Felizmente em minha casa não fazemos essa contabilidade. Estamos onde é preciso e quando é preciso e assim é que é justo.”.

“A sensibilidade das mulheres e a sua capacidade para se colocarem no lugar do outro”

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