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“Como dirigente associativa ganhei outra sensibilidade a nível humano”
Dora Coutinho

“Como dirigente associativa ganhei outra sensibilidade a nível humano”

Dora Coutinho - Coordenadora da Arcas - Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora. Nunca desejou ter nascido homem, nem sequer quando está atarefada a limpar o pó ou a fazer outras tarefas domésticas mais desgastantes. Acha interessante o facto de os homens só se conseguirem focar num trabalho de cada vez mas a única coisa que lhes inveja é não terem que fazer depilação.

Quando chegam a qualquer organização as mulheres têm que trabalhar mais que os homens para provar o que valem e para conquistarem o respeito de quem lá está. Esta situação foi confirmada por Dora Coutinho quando assumiu o cargo de coordenadora da Arcas (Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora).
“No inicio pode ter havido alguma preocupação ou até mesmo desconfiança porque era a primeira mulher à frente daquela associação. Isso aconteceu nomeadamente nas festas de Samora Correia onde lidamos com situações por norma mais direccionadas para os homens. Mas com o passar do tempo tudo se resolveu. Eu, que já respeitava quem estava na associação, sinto que também sou respeitada”, explica.
Como dirigente associativa, Dora Coutinho diz que dá mas que também tem recebido imenso. “Isto muda a nossa vida e a nossa forma de pensar e de ver o que nos rodeia. Ganhamos outra sensibilidade, quer a nível humano quer cultural. Lidamos com uma série de situações que nos obrigam a ver a sociedade com outros olhos”.
Embora cada homem tenha as suas características próprias, a dirigente associativa diz que há algumas características comuns à maioria. “São mais minuciosos no seu trabalho. Fazem as coisas com mais pormenor e mais pensadas, talvez porque se focam num assunto de cada vez, enquanto nós mulheres tratamos de mil assuntos ao mesmo tempo”, pormenoriza.
A capacidade de concentração num só assunto não parece fasciná-la porque nunca desejou ter nascido rapaz. “Adoro ser mulher, ter o prazer de ser mãe, sentir o pulsar do nosso filho dentro de nós é algo que é maravilhoso. Só por aqui já era impossível ter querido nascer rapaz. Nem mesmo quando aspiro a casa ou limpo o pó”, defende. No entanto há algo que inveja nos homens. “Não terem de fazer a depilação!!!”
Quanto à igualdade de direitos considera que ainda vem longe e que as prejudicadas são as mulheres. “O género masculino fechou durante muito tempo a porta ao género feminino na ascensão a altos cargos de chefia, por medo, por preconceito. No seu pensamento o lugar da mulher, embora com inteligência e capacidades, teria que se dividir com as tarefas femininas, ou seja, sobrava-lhe menos tempo para cargos de chefia e a mulher deixava-se intimidar e também não arriscava. Hoje em dia, felizmente, que a sociedade está a mudar mas ainda há muita estrada para percorrer”.
Nas horas livres Dora Coutinho gosta de passear com a família, caminhar e dançar. É uma defensora da cultura taurina e adepta do Sporting a nível futebolístico. Isabel Allende e Gabriel Garcia Marques são os seus escritores preferidos. Em termos musicais menciona David Bowie.

“Como dirigente associativa ganhei outra sensibilidade a nível humano”

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