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“Reconhecer o valor de uma mulher ainda é uma coisa muito complicada”
Paula Borrego Leonor

“Reconhecer o valor de uma mulher ainda é uma coisa muito complicada”

Paula Borrego Leonor - Presidente do CA da Borrego Leonor & Irmão, S.A. É presidente de um conselho de administração de uma empresa que é integralmente constituído por mulheres. E a situação ganha mais relevo porque a Borrego Leonor & Irmão, S.A. é líder no sector da distribuição de factores de produção para a agricultura e a agricultura ainda é coisa de homens. Mas Paula Borrego Leonor não se ilude. Aquela é uma situação de excepção.

Paula Borrego Leonor ocupa o lugar de topo na principal empresa do sector agrícola na região. É persistente, lutadora e competente pois se assim não fosse seria impossível manter a Borrego Leonor & Irmão, S.A. na posição que ocupa. No entanto há alturas em que tem pena de não ter nascido rapaz. “Apesar de vivermos no século XXI, o mundo dos negócios ainda é dos homens, especialmente no sector da distribuição de factores de produção para a agricultura”, explica.
Cresceu na empresa que foi fundada pelo seu pai e por um tio no ano do seu nascimento. Desde muito nova que se interessou pelo negócio e foi com naturalidade que abraçou o projecto. No seu dia-a-dia lida principalmente com homens. Para ela não existe um traço comum nem nos homens nem nas mulheres, embora ache que estas têm uma maior capacidade de resistência às adversidades. “Todas as pessoas são diferentes com as suas qualidades e defeitos”, defende, realçando que a diferença reside na forma como as sociedades tratam homens e mulheres com as mesmas capacidades e competências.
“A situação da igualdade tem vindo a melhorar ao longo do tempo especialmente nos países nórdicos. No caso português ainda estamos longe, em particular devido à dificuldade em se aceitar o valor que uma mulher tenha, especialmente no mundo dos negócios”, sublinha.
Onde as mulheres são seguramente valorizadas é na Borrego Leonor & Irmão S.A., uma empresa cujo conselho de administração é constituído integralmente por mulheres.
Sobre o facto de em mais de quarenta anos de democracia em Portugal só ter havido uma mulher a exercer o cargo de primeiro-ministro e por um curto período de tempo (Maria de Lourdes Pintassilgo, de Julho de 1979 a Janeiro de 1980), é bastante crítica. “E se bem me lembro foi um governo de iniciativa presidencial para um governo de gestão, ou seja, não foi candidata eleita. A sociedade portuguesa é muito retrógrada e prefere ter um homem a governar independentemente das suas qualidades e capacidades”.
A presidente do conselho de administração da Borrego Leonor & Irmão, S.A. costuma ser alvo de elogios e atenções mas sabe que tais manifestações não são elogios à sua competência. “Honestamente, na maior parte das vezes é cavalheirismo. O reconhecimento do valor de uma mulher é uma coisa muito complicada (sinto isto todos os dias...).
Paula Borrego Leonor gosta de ler, de ouvir música, de ir ao cinema e de viajar. Refere Eça de Queiroz, Ernest Hemingway e John Steinbeck nas letras e Madonna, Prince, U2, GNR e Mariza na música. Em casa defende uma gestão repartida do comando mas identifica uma pequena dificuldade. “Ambos os elementos do casal devem mandar, caso contrário a harmonia familiar e o equilíbrio de responsabilidades pode ficar em causa, se bem que as mulheres não gostem de ser contrariadas...”.

“Reconhecer o valor de uma mulher ainda é uma coisa muito complicada”

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