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Burocracia imposta às empresas só atrapalha os negócios

Burocracia imposta às empresas só atrapalha os negócios

José Carlos Serrador, 60 anos, dono da Emegás de Samora Correia

Apesar de ser o patrão não se vê como um homem de fato e gravata e gosta de trabalhar lado a lado com os empregados. Na vida já trabalhou em diversas áreas e confessa que não tem medo de sujar as mãos.

A carga burocrática que ainda recai sobre muitas empresas continua a ser um problema que só atrapalha os negócios e ocupa os empresários. A opinião é de José Carlos Serrador, responsável da Emegás de Samora Correia, concelho de Benavente, empresa dedicada à venda e comercialização de gás.
“O maior problema das empresas pequenas é a burocracia, sobretudo no nosso ramo, temos sempre imensa papelada para preencher. Isso tira-me do sério, perder horas a fio com burocracias. Em vez da administração central cair em cima das empresas grandes só estrangula os retalhistas, os pequenos”, lamenta o empresário.
José Carlos Serrador, 60 anos, diz que os seus principais valores de vida são a honestidade e a seriedade. O empresário dirige uma das primeiras lojas do país a vender de forma oficial o gás da Repsol. A Emegás tem 23 anos de actividade e foi reconhecida recentemente com o estatuto de colaboradora oficial daquela petrolífera. Apesar de ser o patrão, José não se vê como um homem de fato e gravata e gosta de trabalhar lado a lado com os seus empregados.
Nasceu em Samora Correia, onde ainda vive, e começou a trabalhar aos 17 anos como mecânico numa metalúrgica na cidade onde se produziam dumpers e chaimites. Ainda frequentou a Escola Alves Redol em Vila Franca de Xira, onde fez o nono ano, e mais tarde em Alverca. Serviu na Marinha em Vila Franca de Xira e não esconde alguma tristeza com o facto das instalações ali existentes terem encerrado portas.
Quando saiu do serviço militar voltou à metalúrgica de Samora Correia, onde entre outros trabalhos fazia a montagem das caixas de velocidade que vinham para a fábrica. “Depois passei para a secção de electricidade mas como queria ganhar um ordenado maior acabei por conseguir mudar para uma empresa de baterias na Castanheira do Ribatejo, onde ainda estive mais uns anos na secção de carregadores”, recorda a O MIRANTE.
Quando essa secção fechou ficou desempregado. Entrou numa fábrica de produtos alimentares em Benavente mas como pagavam abaixo daquilo que recebia do subsídio de desemprego optou por mudar de emprego novamente. “Fui para uma empresa de fabrico de baterias no Porto Alto e mais tarde pedi licença sem vencimento para ir dar aulas para o Centro de Formação para a Indústria da Construção e Obras Públicas. Estive aí 13 anos e fui aliciado para ajudar a abrir cursos no Núcleo Empresarial da Região de Castelo Branco, onde estive outros três anos”, conta. Como não compensava a viagem acabou por regressar a Samora Correia e à Emegás, empresa da qual já era sócio. Há três anos ficou com a totalidade do negócio.
“A Emegás para além da venda de gás é uma empresa instaladora de redes de gás, credenciada pelo Ministério da Economia. Trabalhamos para a Repsol montando os contadores e fazendo algum abastecimento. Fazemos as montagens, cortes, ligações dos contadores e damos assistência ao domicílio para todos os problemas relacionados com o gás. Além da venda de botijas de butano e propano”, explica.
Actualmente o negócio dá para viver mas não é uma mina de ouro, lamenta o empresário, tudo por causa de alguma concorrência desleal que não joga pelas regras do mercado. O problema é que o barato muitas vezes sai caro. “O negócio começou a degradar-se um pouco, as vendas caíram e diminuíram para um terço daquilo que eram. Por causa do gás canalizado, das energias alternativas e da falta de estribeiras da concorrência”, diz.
Quando era pequeno sonhava ser aviador mas com o passar dos anos confessa que a sua grande paixão é a electricidade. “Nunca tive medo de sujar as mãos. Tenho também o passatempo da agricultura, num terreno que os meus pais me deixaram e nunca tive problemas com isso. Hoje em dia as pessoas têm medo do trabalho. E acabar com os cursos industriais foi um erro”, lamenta.
José é pai de dois filhos e teme pelo futuro. “Quando queremos um serralheiro ou um electricista não temos. Vejo o futuro com muita apreensão, ao contrário do que me fazem querer acreditar, o nosso país não está melhor. Sinto isso todos os dias quando falo com as pessoas. Não há trabalho”, lamenta.

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