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 Introspectivo Manuel Serra d’Aire

Prepara-te para o que aí vem, pois 2017 vai ser ano de eleições autárquicas e também de muitas obras por esse país fora, porque os fundos comunitários do novo quadro comunitário de apoio vão finalmente começar a jorrar para as câmaras. Vai ser um regabofe que vai pôr o país de pantanas e, provavelmente, dar-nos mais algumas centenas de rotundas para circundar. Pelo sim pelo não, já comprei um kit do “Bob o Construtor” composto por fato de macaco, botas de biqueira de aço, capacete e um compêndio com piropos ordinários para lançar a gajas boas, para me adaptar à realidade que aí vem.
Esperemos que não aconteça o mesmo que no final da década passada quando a catadupa de obras era tanta mas tanta que temi ver Portugal transformado num estaleiro de construção civil, cheio de homens em tronco nu empoleirados em andaimes e belas donzelas a observarem o espectáculo enquanto tomavam a sua Coca-Cola light. Nessa altura, a delirante imaginação dos nossos governantes locais e centrais pedia meças à de Júlio Verne nos seus tempos áureos e entre variantes ferroviárias e universidades da gastronomia em Santarém, um novo aeroporto de Lisboa no concelho de Benavente ou uma estação de TGV em Rio Maior, tudo era possível e projectável.
Claro que desse opíparo banquete de obras públicas sobrou uma mísera e surrada meia-dose de biscates avulsos. O resto ficou no papel por culpa da famigerada crise que, cá para mim, foi criada por uma qualquer mente perversa para estragar a vida aos nossos autarcas que se viram impedidos de mostrar obra como deve ser e de ficarem para a história como uma espécie de marqueses de Pombal do século XXI. Aliás, a velha crise está para as promessas dos políticos como as arbitragens estão para os maus resultados no futebol. Têm as costas largas e tudo justificam.
Reflexivo Manel um bando de hereges ribatejanos quer estragar a grande festa popular que vai ser o centenário das aparições de Fátima, em Maio de 2017, que já tem anunciada como cabeça de cartaz o Papa Francisco. E atenção: eu não tenho nada a ver com isso! A conspiração ímpia nasceu ali para as bandas de Torres Novas, tem entre os seus autores o músico Pedro Barroso e o advogado comunista Carlos Tomé, e ganhou consistência com a criação de um “Manifesto contra a vinda do Papa a Fátima para credibilizar o milagre dos pastorinhos” e de uma petição pública na Internet.
Depois de há muitos anos um grupo de infiéis ter cometido a ousadia de profanar e roubar a famosa azinheira onde terá aparecido Nossa Senhora aos pastorinhos surge agora este golpe publicitário que atinge em cheio o coração da nação devota. Acontece que, cá para mim, o manifesto já vem tarde, porque o tal milagre de que falam já está mais do que credibilizado. Basta ver os milhões de crentes, adeptos e simpatizantes que passam por Fátima anualmente. Basta ver as receitas da hotelaria e do comércio locais. Por isso, a vinda do Papa em nada adianta ou atrasa quanto ao assunto. Deixem lá o Francisco vir apanhar um banho de multidão, deixem lá a malta acreditar naquilo que entende (eu por exemplo ainda acredito que o Sporting vai ser campeão) e não sejam desmancha-prazeres...
E por agora me vou. Aceita um Pai Nosso e uma Avé Maria do

Serafim das Neves

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