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Um adepto do futebol americano no país onde é o outro futebol que move paixões

Um adepto do futebol americano no país onde é o outro futebol que move paixões

Jovem de Alverca organiza em Portugal o maior evento da modalidade que tem como berço os Estados Unidos da América. Entusiasta da modalidade, já trocou um bilhete para um Benfica-Sporting por um jogo de futebol americano na TV.

Na quarta quinta-feira de Novembro é tempo de celebrar o Dia de Acção de Graças (Thanksgiving), nos EUA. Os americanos juntam-se para comer peru e à volta da televisão vê-se, religiosamente, a transmissão em directo dos jogos mais importantes da NFL (Liga de Futebol Americano). Esta não é de todo uma tradição portuguesa, mas Pedro Esteves, residente em Alverca do Ribatejo, faz questão de cumprir essa rotina e no dia 24 de Novembro não esqueceu os jogos de futebol americano na televisão.
Pedro Esteves é um dos maiores entusiastas dessa modalidade em Portugal, que apesar de pouco enraizada no nosso país conta com uma liga de 10 equipas que vai na sétima edição. O jovem de 27 anos organiza há cinco anos o Dusty Renfro Football Camp, o maior acampamento de futebol americano no país, onde na última edição contou com cerca de 100 atletas da liga portuguesa, mais 350 alunos que estiveram de visita num dia.
O gosto de Pedro Esteves pela modalidade é tanto que quando lhe ofereceram bilhetes para um Benfica-Sporting, declinou para poder ver antes um encontro da Liga Portuguesa de Futebol Americano. “Escrevi isso nas redes sociais e inundaram-me de comentários a gozarem comigo e a criticar. Mas a verdade é que queria mesmo ver aquele jogo e até hoje não me arrependo”, refere o adepto benfiquista.
Curiosamente o contacto que Pedro teve com essa modalidade não foi na América, mas sim no Ribatejo. Após vir de uma viagem dos EUA, um amigo disse-lhe que o FC Alverca tinha uma equipa de futebol americano, os Alverca Crusaders. “Na altura pensei que fosse mais um a fazer confusão com o râguebi, mas era verdade. Na altura não gostava do desporto, achava aquilo complexo e cheio de regras. Mesmo nos EUA não vi qualquer jogo dessa modalidade. Por curiosidade e por estar na área de Desporto (tirou curso de Gestão Desportiva) fui ver uns treinos dos Alverca Crusaders e integrei a equipa. Fiquei surpreendido com tantos jovens a praticarem a modalidade e logo em Alverca, o último sítio onde imaginava isso acontecer”, confessa Pedro.
No entanto Pedro não pretendia ser jogador de futebol americano e sentia que era fora das quatro linhas que podia ajudar melhor o clube, onde tratou da gestão financeira e administrativa. “As condições no Alverca eram miseráveis, o clube não dava apoios nenhuns. Quando a equipa começava a treinar, após o treino de futebol, eles apagavam as luzes. Treinávamos no pelado, o ginásio estava cheio de gente que trocava de máquinas a cada 2 minutos. Acabámos a treinar boa parte da época no campo da Cimpor, em Alhandra, pois com sintético mesmo que chovesse aquilo não fazia buracos”, lembra. A equipa chegou ao fim já com apenas dois ou três atletas e os seus responsáveis sentiram necessidade de garantir melhores condições, tendo os Crusaders saído para Carcavelos.
Portugal é dos mais recentes países a praticar a modalidade. O desporto começou após um aluno ter feito um curso de Erasmus na Alemanha, onde teve contacto com futebol americano e trouxe-o para o Porto. Apesar de estar a crescer a passos largos, o futebol americano ainda encontra muitas dificuldades em se afirmar. “Isto tem tudo para ser grande, pois toda a cultura americana é atractiva. Em Portugal há muitos curiosos e os jogos têm bancadas cheias com mais de 200 pessoas. São precisos muitos atletas, uma equipa de 11 para o ataque, outra para a defesa e as equipas especiais. É um desporto onde todos servem, sejam magros, gordos, rápidos ou lentos, há sempre posições a preencher”, diz.
É o grande número de atletas necessários que dificulta a implementação. Um plantel tem de ter 60 jogadores e cada equipamento custa entre 250 e 600 euros. O facto de não haver técnicos acreditados para o efeito também impede o desenvolvimento. “A falta de espaços para a prática do desporto é um obstáculo. Há uma falta de mentalidade por parte dos dirigentes desportivos. Eles não querem ter uma secção deste desporto pois pensam que é râguebi”, diz.

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