O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), diz que continua a ter como desígnio a mudança de traçado da linha ferroviária do Norte em Santarém, mesmo tendo consciência que a situação financeira do país não é a melhor. O autarca esteve reunido com a administração da Infraestruturas de Portugal - pouco tempo depois de duas pessoas terem sido mortalmente atingidas por comboios numa passagem de nível perto da ponte da Asseca e na estação de Santarém - e sublinhou a pertinência de serem feitas algumas alterações para aumentar a segurança.
Ricardo Gonçalves disse na última reunião de câmara que a Infraestruturas de Portugal está a estudar soluções para quatro passagens de nível no concelho: as duas situadas na Ribeira de Santarém, a que fica perto da ponte da Asseca (onde se deu um acidente mortal em Novembro) e à do Casal do Vinagre, perto do Vale de Santarém. “Queremos que haja um comprometimento da Infraestruturas de Portugal para que certas obras sejam realizadas, nomeadamente nessas quatro passagens de nível, referiu o presidente, após ser questionado pelo vereador Madeira Lopes (CDU).
Recorde-se que nos dias 8 e 11 de Novembro registaram-se dois acidentes mortais na Linha do Norte em Santarém. O primeiro foi na passagem de nível do Casal do Peso (perto da ponte da Asseca), entre Santarém e Vale de Santarém. O choque entre um comboio e um camião provocou um morto e nove feridos. A vítima mortal, residente em Almeirim, acompanhava o condutor do camião e tinha saído do pesado para ajudar a fazer a manobra de transposição da linha, numa altura em que a cancela fechou. Os nove feridos, com ferimentos ligeiros, eram passageiros do comboio.
No dia 11 de Novembro uma mulher morreu colhida por um comboio na estação de Santarém. Segundo informação dos bombeiros a vítima estava a atravessar a linha número 1 a correr, para ir apanhar o comboio, que estava para arrancar na linha 2, e foi atingida por um comboio de mercadorias. A travessia entre as duas plataformas de embarque da estação é feita num único local e durante a passagem de comboios que não efectuam paragem em Santarém é frequente não estar ninguém a vigiar o local, pelo que qualquer distracção pode ser fatal.
Aliás, em reunião de câmara anterior, o vereador Francisco Madeira Lopes (CDU) já havia estranhado que durante as obras realizadas na estação de Santarém não se tivesse construído uma passagem aérea sobre as linhas, defendendo que a Câmara de Santarém não pode ficar “impávida e serena” relativamente a essa questão e também no que toca à supressão de passagens de nível. “Compete à câmara exigir a salvaguarda da segurança dos munícipes e de quem atravessa o nosso concelho”, declarou.