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Em um milhar de incêndios no distrito de Santarém só três tiveram causas naturais

Em um milhar de incêndios no distrito de Santarém só três tiveram causas naturais

Só em três meses houve 716 ocorrências na maior parte resolvidas em 90 minutos. Naquele que foi o segundo Verão mais quente dos últimos 85 anos, os bombeiros da região de Santarém tiveram capacidade para controlar cada um dos 1077 incêndios registados em menos de 24 horas. O que se deveu a uma rápida mobilização de meios e ao uso de meios aéreos nos primeiros minutos.

Este ano de 2016 arderam 4.069 hectares de floresta e matos no distrito de Santarém, mais cerca de 1300 hectares do que no ano anterior, o que se justifica por ter sido um ano de condições meteorológicas extremas. Segundo o relatório anual do Comando Distrital de Operações de Socorro, até 30 de Novembro, registaram-se 1077 incêndios, sendo que ao contrário de outros anos as ocorrências foram quase todas nos meses de Julho, Agosto e Setembro.
Apesar das dificuldades de responder a dezenas de ocorrências diárias, em que houve dias com 24 e 22 ocorrências, os bombeiros conseguiram evitar que grandes incêndios se prolongassem. Em 2016 não houve incêndios que tenham durado mais de 24 horas a serem controlados e extintos. O que se deveu a uma capacidade de mobilização de meios no ataque inicial e o empenhamento de meios aéreos nos primeiros minutos a seguir ao alerta de incêndio.
Na fase mais crítica, entre Julho e Setembro, os bombeiros ocorreram a 716 incêndios, o que dá uma elevada média diária de ocorrências. Além disso os operacionais tiveram a ser desfavor o facto de este Verão ter sido o segundo mais quente dos últimos 85 anos, com um valor médio de temperatura a rondar os 30,6 graus centígrados. O que só por si é um factor que, além de fazer aumentar o risco de incêndio, contribui para a rápida e violenta propagação das chamas.
Do milhar de incêndios que existiram foi possível minimizar o número de reacendimentos, que durante todo o ano se limitaram a 13 casos, segundo consta do relatório. Outro dado a reter é que neste ano de 2016 o número de incêndios de Primavera, devido às condições meteorológicas, foi muito baixo em comparação com o ano anterior. A contrastar com os mais cem incêndios ocorridos em Agosto, no mês de Março houve menos 126 incêndios em comparação com o mesmo período de 2015, em que tinham ocorrido 154 incêndios. A diminuição é ainda maior no mês de Maio, em que se registaram 30 ocorrências quando em 2015 tinham sido 168.
Não deixa de ser curioso que durante a noite existiram quase tantas ocorrências, em média, como durante o dia. O que pode ajudar a explicar que de um milhar de incêndios apenas em três as causas tenham sido comprovados como naturais. O resto deveu-se a negligência ou a situações intencionais. O facto de uma boa parte das ocorrências ter acontecido ao fim de semana leva a conjecturar que algumas situações se deveram ao uso do fogo para limpar os matos ou até a churrascos na floresta. Nos meses de Julho a Setembro aconteceram, no total, 99 incêndios aos sábados e 90 aos domingos.
O comandante distrital de operações de socorro, em declarações a O MIRANTE, realça que a grande mobilização de meios nos primeiros minutos foi fundamental para que se evitassem consequências mais gravosas. Mário Silvestre exemplifica que 97,3 por cento das ocorrências foram resolvidas no espaço de uma hora e meia, quando no ano passado a percentagem tinha sido de 93,3%. O operacional destaca ainda o facto de em 76 por cento das ocorrências terem sido despachadas em cima do alerta mais de quatro viaturas de combate e em 43% mais de cinco viaturas.

Três incêndios responsáveis por 85% da área ardida

Os incêndios que mais trabalho deram aos bombeiros foram em Abrantes, Coruche e Glória do Ribatejo (Salvaterra de Magos) e que foram responsáveis por 85 por cento da área ardida este ano de 2016. Em números absolutos, contando que o mesmo bombeiro esteve em várias ocorrências, estiveram no terreno 23441 bombeiros e 6220 veículos. Só as viaturas de combate a incêndios percorreram no total 417 mil quilómetros. Mário Silvestre alerta que se não houver uma maior atenção para a limpeza e prevenção, estas situações aliadas às alterações climáticas e às cada vez mais extensas áreas com as mesmas espécies de árvores, vai ser mais difícil o combate aos fogos no futuro próximo.

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