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Luís Teixeira Alves

Luís Teixeira Alves

Vigilante da Natureza, 71 anos, Rossio ao Sul do Tejo (Abrantes)

Costuma dar boleia a estranhos?
Não, pela mesma razão que ensinamos as nossas crianças a não aceitar nada de estranhos...
Que político convidava para almoçar?
O ex-presidente Lula da Silva. Gostava de lhe perguntar o que sente depois de ter dado o estatuto de cidadania a milhões de brasileiros e agora ser perseguido por isso? É por causa de situações como esta que não gosto de tecnocratas.
O que faz falta na sua terra?
O povo delega nos políticos a sua quota parte mas o poder, o verdadeiro poder, nunca deixa de residir no povo e o que faz falta na minha e nas outras terras deste Portugal é um acordar para os direitos e deveres de cada um, exigidos e não mendigados seja a quem for. O resto virá por acréscimo. A dignidade, o respeito, a realização dos sonhos...
A que petisco não resiste?
Coiratos, numa festa de futebol, vendidos em roulotes fedorentas, com uma cervejola fresquinha para acalmar/acelerar os ânimos. Quem resiste a isso resiste a todos os resultados do clube, seja ele qual for.
Alguma vez pensou em emigrar?
Já fui emigrante na Suíça. Foi o país que me acolheu e me deu possibilidade de dar a volta por cima, me respeitou e valorizou o meu trabalho. Em quatro anos em Frauenfel, na Hero, ganhei o suficiente para comprar um terreno e fazer a casa onde ainda hoje vivo.
Qual o piropo mais original que já lhe disseram?
És um avô lindo. Foi dito pelos meus netos.
As redes sociais afastam-nos ou aproximam-nos dos outros?
Eu acho que são um escape para muitos que estão isolados, pois podem representar uma janela para o mundo mas na verdade são uma “faca” de dois gumes. Pela habituação de estarmos a dialogar sem olhar as pessoas e sem as ver e exprimir sentimentos e reacções. É sempre melhor falar olhos nos olhos.
Dia ou noite?
Hoje dia. Afinal tenho já 71 anos. Mas a noite é maravilhosa, talvez porque também nós somos espelho de outras vidas que aparentamos e não mostramos.
Se pudesse para onde viajaria amanhã?
Até Moçambique/Gorongosa, se eu pudesse voltar atrás no tempo e fazer uma caçada com a máquina fotográfica e rever amigos....
Os homens hoje dão mais atenção ao trabalho do que à família?
Se o fazem é porque são obrigados. O que recebem é miserável, a concorrência é brutal e todos nós somos recursos descartáveis. A solidariedade é uma palavra em desuso, infelizmente.
Já pediu o livro de reclamações em algum estabelecimento?
Sim, porque não me foi prestado o serviço que paguei e a que tinha direito. Mas pedi-o depois de esgotadas todas as tentativas de conciliação.
Costuma ir votar? Que memórias guarda das eleições em anos anteriores?
Voto sempre. Quem não vota é o pai e a mãe de todos os ladrões que são eleitos por falta de civismo desses eleitores que enchem o peito e soltam a bacorada que não votam. Se todos votássemos havia mais participação e os políticos mereciam-nos mais crédito.
Praia ou campo? Porquê?
Praia, no Inverno. É maravilhoso ouvir o rugir do mar, a eterna luta contra as falésias, sentir a maresia e o “sabor” do vento no rosto...
Tem página no Facebook?
Não. O Facebook é óptimo apenas para brincar. Qualquer individuo pode fazer-se passar por quem não é e dizer todas as tolices possíveis e imaginárias. Temos que dar muita atenção às crianças quando elas estão no Facebook.
Ir às compras é um antídoto para o mau humor?
Não! Quando vou às compras levo uma lista. Mas é sempre um “sacrifício”. Muita gente, muita futilidade, muito faz-de-conta....
Costuma dar esmolas em dinheiro?
Não costumo dar. Apenas e esporadicamente aos arrumadores que me arranjam lugar para estacionar e depois olham pela viatura. Costumo é ajudar através de grupos/organizações com comida, roupa, medicamentos, etc.
Preocupa-se com a sua imagem?
Não sou narcisista, gosto de vestir e usar roupas confortáveis e apropriadas para as ocasiões, mas não ligo a modas. Umas calças de ganga de bom corte e uma camisa a condizer estão muito bem para o dia-a-dia.
O que faria se lhe saísse um bom prémio no euromilhões?
Gostaria de sentir a sensação de pelo menos uma vez na vida ver a diferença entre contar tostões e contar milhões. Eh! Eh! Eh!

Luís Teixeira Alves

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