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Vernáculo Serafim das Neves

Acabei de saber que alguns deputados do PSD, assim que souberam que os bombeiros de Fátima se queixam de não ter meios suficientes para tantos peregrinos que vão querer ver o Papa superstar em Fátima, apertaram logo com o Governo para saber se não vai haver um dinheirinho para eles comprarem mais equipamento e até, se for caso disso, um quartel novo.
Este voluntarismo parlamentar que faz os deputados da oposição saltarem logo para os computadores para teclar perguntas aos governos de cada vez que alguém se queixa é enternecedor. Sai-nos caro é verdade mas sempre podemos dizer que eles sem os nossos impostos andavam todos aos papéis. E olha que são uma carrada deles...para cima de trezentos fora os assessores, chefes de gabinete e mordomos. Eu pelo menos espero que tenham mordomos ou se não tiverem que tenham pelo menos...mordomias.
Não lamento o tempo que passei, quando era jovem, a tentar engatar miúdas, a beber “neguinhos” e a jogar snooker e à bola, em vez de me ter inscrito numa juventude partidária de um dos partidos do governo e andar a peregrinar de reunião em reunião, de conspiração em conspiração e de congresso em congresso. No entanto tenho que reconhecer que a rapaziada que o fez tem uma vantagem em relação a nós, é poder aumentar o seu próprio ordenado quando lhe apetece e quanto lhe apetece.
O meu pai queria que eu fizesse carreira na tropa. Se eu lhe tivesse feito a vontade era agora um tenente-coronel reformado, de coluna vergada ao peso das medalhas e com um lugar de comentador televisivo especializado em questões do médio oriente ou mesmo do oriente completo, coisas que só de pensar nelas me dá uma sede de mil desertos.
A minha mãe queria que eu fosse padre e eu até me arrepio só de pensar que nesta altura já poderia ter sido corrido à pedrada de duas ou três aldeias só por não conseguir resistir à tentação de ajudar certas paroquianas mais desastradas a apertarem o sutiã ou a ajeitarem o fio dental. Perdoa-me mamã mas graças a Deus que me livrei tal destino.
E graças a Deus que também não sou como o maior totó da minha turma que fez carreira numa Jota e agora ganha a vida como deputado a fazer requerimentos e perguntas ao governo duas ou três vezes por semana e a levantar o braço em dia de plenário quando o chefe de fila faz sinal. Já imaginaste não poderes ir para o trabalho de calças de ganga rotas, T-Shirt dos Iron Maiden e chinelos de praia? Fosca-se!!! E depois andam eles a organizar web summits ou lá o que é com crânios que de tanto pensarem em start-ups e outras merdas até se esquecem de tomar banho.
Esta coisa da política e dos políticos sempre me divertiu. Vem um e diz que estamos num pântano. Vem outro e diz que estamos de pantanas. Os mais atrevidos dizem que estamos de tanga. Outros avisam que estamos na miséria e que somos comandados pela Merkl e há também aquela coisa da bancarrota que eu também já tive e que me provocou uma inundação na cozinha. Eles divertem-se, as televisões fazem novelas à hora dos noticiários e o mundo continua a girar. O mundo e o esférico, claro. Para já não falar nos cubos de gelo dentro do meu copo de whysky.
Não penses que me esqueci do tema de abertura deste e-mail. A pergunta ao governo sobre os dinheirinhos para os bombeiros. Cá por mim há que ajudar os bombeiros. É um dever patriótico de qualquer governo. E as ajudas não podem ser só na altura dos fogos florestais. Em Maio quando vier o Papa Francisco ainda não é época de incêndios mas, caramba, se salvar árvores é importante, salvar peregrinos... e peregrinas, como diriam os deputados do BE, é ainda mais importante. Olá se é!!! E não falo em ajudas à PSP porque em Fátima joga tudo para o mesmo lado não há claques para pastorear, como nos encontros de futebol entre os grandes a que muita gente insiste em chamar clássicos, não sei porquê.
Saudações parlamentares
Manuel Serra d’Aire
Nota: O autor escreve de acordo
com o preceito constitucional
da liberdade de expressão.

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