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Frio deixou centenas de casas sem água no Ribatejo
INTERVENÇÃO. Técnicos não tiveram mãos a medir para repor a normalidade

Frio deixou centenas de casas sem água no Ribatejo

Gelo nas condutas levou ao rebentamento de contadores, tubagens e bocas de incêndio. Na quinta e sexta-feira os termómetros registaram valores na ordem dos 7,7 graus negativos em Tomar e 6,5 graus negativos em Coruche, de acordo com dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

As baixas temperaturas registadas em dois dias seguidos no distrito de Santarém resultaram em mais de 700 contadores de água e canos rebentados devido à formação de gelo nos tubos, dezenas de avarias e cerca de 15 roturas graves em condutas. Os municípios de Salvaterra de Magos, Alpiarça, Almeirim, Chamusca, Torres Novas, Coruche e Benavente foram os mais afectados. Francisco Oliveira, autarca de Coruche e presidente da Águas do Ribatejo (AR), empresa intermunicipal que gere os sistemas de água e saneamento desses sete concelhos do distrito de Santarém, salientou que “não há memória de cenário idêntico” desde que a empresa foi criada há oito anos.
Em comunicado, a empresa revelou que Coruche foi o concelho mais afectado, com cerca de 270 ocorrências. A empresa foi obrigada a reforçar as equipas dos piquetes e foram recrutadas empresas especializadas assim que se avaliou a dimensão do fenómeno. Segundo a AR, as equipas de canalizadores, operadores e técnicos estão a trabalhar em regime de permanência desde quinta-feira, numa “maratona quase sem descanso”, estando a instalar novos contadores mais resistentes e a colocar sistemas de protecção e foram também reforçadas as linhas de atendimento aos clientes.
Uma das situações mais complicadas registou-se em Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos, com “mais de mil pessoas” a ficarem sem água canalizada. Foi necessário recorrer à ajuda de uma empresa especializada para localizar a origem da “perda de água significativa” que se registou naquela localidade e que se veio depois a verificar ter origem na rotura da conduta principal devido ao congelamento da água. Também as povoações de Casalinho, no concelho de Alpiarça, e de Vale de Cavalos, na Chamusca, entre outras, ficaram sem água. Em alguns casos, não ocorreram roturas, mas sim o congelamento da água que “secou” as torneiras.

Tomar foi o primeiro concelho a acordar sem água
Tomar foi o primeiro concelho a acordar na manhã de 19 de Janeiro com a água congelada nos canos. Até sexta-feira, ao meio-dia, havia o registo do rebentamento de cerca de 75 contadores de água e previsões para que o número pudesse aumentar. Mas foi quinta-feira “o dia com mais ocorrências”, disse a O MIRANTE Francisco Marques, director-delegado dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Tomar. Aqui, as zonas mais afectadas foram as freguesias de S. Pedro e Carvalhos de Figueiredo, com vários munícipes a queixarem-se de faltas de água. Os serviços disponibilizaram uma equipa que trabalhou “fora das horas de trabalho” e os contadores foram substituídos por equipamentos novos e anti-gelo, segundo informações do mesmo responsável. Francisco Marques salientou que estas situações “são normais em Invernos rigorosos”, mas que costumam ser “pontuais”. “Este é o primeiro Inverno, em vários anos, que se registam tantos rebentamentos na mesma altura”, disse.
O mesmo desabafo foi feito por Teresa Ferreira, administradora executiva da empresa municipal Águas de Santarém: “Estou aqui há quatro anos e não me lembro de uma situação como esta”. Ao contrário de Tomar, foi na sexta-feira (20 de Janeiro) que se registaram mais ocorrências no concelho devido às baixas temperaturas. Primeiro, a empresa municipal começou a receber dezenas de queixas de consumidores alertando que a água não estava a correr nas torneiras. Com o nascer do dia e o gradual aumento das temperaturas, a água voltou a correr. No entanto, pouco depois começaram a “chover” os telefonemas para a empresa. Com o degelo, foram muitos os contadores de água, tubagens e bocas de incêndio que rebentaram. As freguesias mais afectadas foram Moçarria, Póvoa da Isenta Várzea, Amiais de Baixo e Vale de Santarém.

Sem-abrigo preferiram as ruas

Apesar das previsões meteorológicas apontarem para valores negativos anormais para a época, os sem-abrigo de Tomar e de Vila Franca de Xira preferiram, ainda assim, pernoitar na rua. Em VFX, as três dezenas de sem-abrigo que estão identificados pelas autoridades declinaram o acolhimento proposto em instituições, o mesmo acontecendo em Tomar, de acordo com informações da Protecção Civil. Em ambas as situações, efectuou-se um “reforço de cobertores e roupa quente, para além do fornecimento de refeição”.

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