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“Santarém é uma boa cidade para viver mas tudo o que é novo acaba por fechar”

“Santarém é uma boa cidade para viver mas tudo o que é novo acaba por fechar”

Graça Ferreira da Silva, médica cardiologista na GFS - Serviços Médicos do Coração, Santarém

Médica cardiologista de profissão, Graça Ferreira da Silva cedo percebeu que o mundo era mais do que Pernes, localidade do concelho de Santarém onde cresceu. Fez parte do internato de cardiologia em Hong-Kong. Adora viajar e de sentir o pulso a outras culturas e tem cuidado com a alimentação apesar de não desdenhar a comida ribatejana.

Fiz um ano da minha especialidade nos hospitais ingleses de Hong Kong. Também tive um convite para ir para Macau que tinha um bom hospital mas não fui porque não tinha a minha especialidade. Cresci e vivi em Pernes, apesar de ter nascido em Lisboa e sempre gostei de conhecer outros países. De viajar. Até pensei em ser hospedeira. Fiz o liceu em Santarém, a universidade em Lisboa e acabei o curso em Coimbra.
O meu pai era o médico de família em Pernes e adorou que eu tivesse estudado medicina. Ele era um daqueles médicos antigos que iam a casa das pessoas. Era muito conhecido e não comia nem dormia só para ver os doentes. Cheguei a acompanhá-lo algumas vezes.
Depois do 25 de Abril fiz o serviço médico à periferia quando ainda estava em Coimbra. Houve um movimento dos médicos que voluntariamente foi para pequenas unidades hospitalares. Eu e mais cinco colegas fomos para Santa Comba Dão, a terra do Salazar, e abrimos vários postos de saúde para fazer consultas em pequenas aldeias sem médicos.
Escolhi vir trabalhar para Santarém porque queria estar numa cidade pequena onde pudesse viver o meu dia-a-dia com tranquilidade. Comecei pelo hospital de Santarém onde organizei o serviço de base de cardiologia com uma boa equipa. É um dos meus maiores orgulhos. Depois criei o meu consultório e logo a seguir nasceu a marca a GFS _ Serviços Médicos do Coração que faz 20 anos. Já trabalho há cerca trinta e cinco anos como médica.
Há pessoas que sabem que eu sou cardiologista e que me abordam na rua para pedir conselhos. De um modo geral acabo por ouvir as pessoas e por as encaminhar se for caso disso. Um médico é sempre médico. Muitas vezes a GFS também dá esse apoio telefonicamente, mas umas das coisas mais importantes é a educação na cardiologia. Pertenço à Sociedade Portuguesa de Cardiologia e sou a representante portuguesa na Sociedade Europeia da Cardiologia. Quando fui convidada, há dois anos, formei o Conselho Português para a Prática da Cardiologia onde divulgamos as práticas e novidades sobretudo para cardiologistas em clínicas privadas.
Os tempos livres são muito importantes para renovar a mente e trabalhar melhor. Gosto muito de ir para a praia e de fazer caminhadas, faça chuva, sol ou frio. É algo que faço há muitos anos e todos os fins-de-semana. Faço também ioga, pilates e ginástica.
Gosto muito de viajar mas ultimamente as viagens têm sido sempre em trabalho. No entanto aproveito sempre para ficar um pouco mais. Acho a Índia um país fantástico, a comida e as cores, gostei de Hong Kong, desde sempre que lá estive. Também gosto de Londres e adoro Nova Iorque. É uma cidade que tem uma força e uma energia difíceis de explicar.
Tenho cuidado com a alimentação mas gosto muito de comer, da nossa comida ribatejana. Normalmente prefiro peixe fresco e para variar, comida indiana e chinesa. Quando vou ao estrangeiro experimento as comidas locais mesmo que tenha de enfiar um barrete. Não sou muito de ir ao café.
Santarém é uma boa cidade para viver mas tenho pena que não se consiga desenvolver. A cidade não aguenta coisas novas. Os novos estabelecimentos comerciais fecham. A parte velha da cidade está estagnada. Parece que ninguém tem genica para inventar e é preciso inventar. Criar coisas diferentes.

“Santarém é uma boa cidade para viver mas tudo o que é novo acaba por fechar”

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