uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Na aldeia de Chãos há um jovem voluntário moldavo que ensina boxe

Na aldeia de Chãos há um jovem voluntário moldavo que ensina boxe

Marat Turgunov chegou à aldeia do concelho de Rio Maior inserido num programa europeu de voluntariado. Ensina boxe numa associação local e com ele vieram mais dois estrangeiros para ajudar a comunidade.

Faltam 15 minutos para mais uma aula de boxe na aldeia de Chãos. O relógio caminha para as 20h00 e na Associação de Melhoramentos de Chãos já estão os três voluntários estrangeiros que desde Setembro vivem na pequena localidade da freguesia de Alcobertas, concelho de Rio Maior. A pontualidade é uma característica que prezam.
O coordenador do projecto e das actividades dos voluntários é o vice-presidente da direcção do Rancho Folclórico de Chãos. Diogo Frazão, 29 anos, é o primeiro a chegar e começa por dizer que os alunos dessa modalidade, pouco praticada por estas paragens, variam entre os quatro e os dez elementos. “Depende da sazonalidade. Houve quem arranjasse emprego, como um camionista que não pôde seguir com as aulas, por exemplo, e uma mulher que engravidou”, refere.
Marat Turgunov é o treinador das aulas de boxe que começaram em Novembro. O moldavo de 30 anos tem dez como treinador de boxe e seis como profissional no seu país. À sessão a que O MIRANTE assistiu comparecem quatro alunos para além de um dos voluntários e de Diogo Frazão. Maria Frazão, 18 anos, e Diogo Costa, 19, ambos de Chãos, começaram a vir há poucas semanas com o objectivo de conhecer a modalidade e para melhorarem a sua auto-defesa. “Assim não fico em casa em frente à televisão e ao computador”, aponta Diogo enquanto Maria diz ter sido motivada pela família.
Com estes dois jovens está um casal de Alcobaça: Paulo Lima, 47 anos, e Sandra Patrício, 41 anos. Paulo é presença regular quase desde a primeira aula e conseguiu convencer a mulher que vai no terceiro treino. “É um desporto invulgar”, começa por dizer Sandra - “como almoçamos com regularidade em Chãos soubemos da iniciativa e viemos experimentar”. Paulo também destaca o invulgar aparecimento do boxe em Chãos e diz que a prática de desportos diferentes, como a escalada, é algo que o casal já faz.
Põem-se as luvas vermelhas, enquanto Marat coloca as luvas de almofadas pretas - todo o equipamento foi comprado pela colectividade - faz-se uma fila e à vez os alunos dão socos e defendem-se com as instruções do moldavo. Com cinco meses de voluntariado o instrutor já se expressa com alguma facilidade. “Houve uma novela da RTP que dava na Moldávia e aprendi a falar antes de vir para cá”, conta. No entanto, o inglês é o idioma mais utilizado na comunicação com Daniel Frazão.
Marat diz gostar das paisagens, sublinhando as parecenças com a Moldávia, numa experiência positiva que tem envolvido os três voluntários em vários projectos. No final de Maio termina o programa de Serviço Voluntário Europeu (SVE) e voltar a Portugal é algo que não descarta. “Treinar boxe seria uma opção mas tudo depende do salário”, afirma entre risos.
Até lá o boxe vai continuar em Chãos nas noites de terça e quinta-feira entre flexões, salto à corda, bolas com peso e socos no saco de boxe.

Um voluntariado em prol da comunidade

Com Marat estão mais dois voluntários, Francesca Sfragara, 29 anos, da Itália, e Bohdan Prokhorov, 22 anos, da Ucrânia. Os três conheceram-se em Portugal e através do SVE, do Programa Erasmus +, têm uma bolsa para a alimentação e uma mesada para viver em Chãos.
Residem numa casa cedida pelo rancho e vão conhecendo a cultura e tradições locais. Durante este período são convidados a apresentar projectos para a comunidade, como as aulas de boxe, mas começaram por ajudar na recuperação da melaria comunitária, instalada na antiga escola primária.
Já fizeram apicultura e promoveram produtos locais em feiras da região, apanharam azeitona, construíram um jardim de plantas aromáticas, dançaram folclore e visitaram as grutas de Alcobertas. E também já tiveram a oportunidade de ir a Santarém, Lisboa e Braga.
“Vivo numa cidade e vir para uma aldeia é uma experiência muito diferente do que estou habituado. É impressionante ver como um país tão pequeno tem tantas diferenças de norte a sul - na Ucrânia é tudo mais uniformizado”, aponta Bohdan. O regresso no futuro não está fora dos planos mas “com esta experiência sinto-me motivado a ajudar a Ucrânia”, afirma o ucraniano que ainda sente dificuldades com o português.
Sendo italiana, Francesca não teve muitas dificuldades na língua. A italiana não notou muitas diferenças entre os dois países e destaca o nosso bom tempo, tal como os seus colegas. Assim que acabar o voluntariado irá trabalhar em Itália, onde irá ponderar um regresso a Portugal.

Na aldeia de Chãos há um jovem voluntário moldavo que ensina boxe

Mais Notícias

    A carregar...