O município de Vila Franca de Xira está preocupado quanto à “possibilidade efectiva” de “degradação irreparável” do Mouchão da Póvoa de Santa Iria e critica os “constrangimentos, entropias e obstáculos” que têm sido levantados pelas entidades responsáveis pelas questões de ambiente e, nomeadamente, a APA - Agência Portuguesa do Ambiente, no que diz respeito à autorização de obras de recuperação no local.
A ilha tem um rombo grave num dos seus diques e parte da superfície está a ficar submersa. Numa moção apresentada na última reunião pública de câmara pela bancada da CDU e aprovada por unanimidade de todas as forças políticas, o município alerta para a deterioração do mouchão e pede ao Governo para que autorize a realização de “obras urgentes”.
Em causa está a “falta de autorização” das entidades responsáveis pelas questões ambientais, nomeadamente a APA, para a realização das obras. “O protelamento de toda e qualquer decisão governamental susceptível de contribuir para a já identificada degradação ambiental e paisagística do mouchão pode comprometer irremediavelmente o seu frágil equilíbrio natural e paisagístico”, lê-se no documento.
Entretanto vários ministérios, entidades ligadas ao ambiente e a câmara municipal vão promover uma visita conjunta ao mouchão ainda durante este mês para se inteirarem do problema. O arrastar do caso tem deixado o mouchão numa situação precária. Em Maio de 2016 o rombo num dos diques era de 15 metros. Actualmente já está em mais de 80 metros e quase 300 hectares estão agora inundados.
“Alguns despertaram para este problema demasiado tarde. A situação é muito grave, alertámos todas as entidades a tempo mas nada fizeram. Antes pelo contrário, até proibiram o dono de intervir no mouchão e pediram à Polícia Marítima para identificar quem tentasse lá fazer obras”, critica o presidente da câmara Alberto Mesquita (PS). O autarca diz que as explicações técnicas para o problema assentam na elevada força da maré que tem batido com violência nas margens do mouchão, causando zonas ocas debaixo do dique danificado. “Já reuni com a APA sobre isto e já lhes manifestei o meu desapontamento pela forma como tudo isto foi tratado por eles”, lamentou o autarca.
Mesquita vai mais longe e garante que se o mouchão da Póvoa for perdido “os restantes se seguirão”. “Este mouchão serve como travão das marés. Se o perdermos haverá mais cheias”, lamenta. Rui Rei, vereador da Coligação Novo Rumo, foi quem primeiro chamou à atenção para o problema. “O que se tem passado [com a APA] é uma pouca vergonha, um problema sério. Esperamos que agora as entidades actuem finalmente de forma séria sobre aquele problema”, lamentou.

Uma situação de emergência
Para Hélder Careto, do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e representante da Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente no Conselho Económico e Social, a situação em que se encontra o mouchão da Póvoa é “de grande emergência”. O também autarca na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, da coligação Novo Rumo, diz que o mouchão ainda não está irremediavelmente perdido e que isso só pode acontecer no momento em que se baixem os braços sobre o assunto. “Mas não há grandes dúvidas que é um assunto que tem de ser resolvido rapidamente e que se trata de uma situação de emergência”, refere a
O MIRANTE.