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Folião Manuel Serra d’Aire

Diz o povo na sua imensa sabedoria (esta é das frases feitas mais falaciosas que conheço, pois o nosso povo tem dado bastantes provas do contrário ao longo dos tempos, mas enfim...) que no Carnaval ninguém leva a mal. É por isso que também eu não levo a mal, e muito menos a sério, algumas das candidaturas autárquicas que por aí vão aparecendo a conta-gotas. Lá está: quem sou eu para criticar quem abdica das pantufas e do sofá para andar a vender o seu peixe e a dar beijos em crianças ranhosas e velhas desdentadas durante meses. Esse é o preço do comodismo e por isso não nos podemos queixar.
Talvez não tenha sido também por acaso que a União de Santarém apresentou nesta quadra carnavalesca um projecto iglantónico para criação de uma cidade desportiva. Pensava eu e meio Ribatejo que o clube estava falido mas afinal não. Pelo menos de ideias. Aliás, pelo que li, a ideia é brilhante. A Câmara de Santarém dá os terrenos, os privados constroem e o clube fica com um complexo desportivo. Assim não custa nada! Os nossos políticos e autarcas que ponham os olhos neste projecto e aprendam como se faz.
Entrámos em Março e com ele vieram os habituais festivais gastronómicos dedicados ao sável e à lampreia. E os exemplares do Tejo devem ter um sabor ainda mais diferenciado e apurado. Aliás, com a poluição que o rio tem sofrido o peixe já nem precisa de tempero. É apanhá-lo e mandá-lo para o tacho. Ora aqui está um nicho de mercado e um factor distintivo a explorar, como tanto recomendam os gurus do marketing. “Coma peixe do Tejo, um sabor diferente!” podia ser o mote.
O povo anda indignado porque querem levar uma oliveira centenária de Mouriscas para Londres. Ainda não percebi qual é a razão para tanto alarido, havendo lá tanta oliveira velhota com quem ninguém se importou até agora. O mesmo povo que abandona os animais porque vai de férias, o povo que abandona os velhos nos hospitais é capaz de fazer um escarcéu medonho porque, ai Jesus!, os ‘bifes’ querem levar-nos uma oliveira centenária para colocar numa praça e celebrar a mais antiga aliança do mundo entre dois países. C’um catano! Esta malta não tem mais com que se entreter? É por estas e outras que costumo dizer que foram os portugueses que mataram o patriota que havia em mim.
Quando os ‘bifes’ nos levaram o Fernando Pessa, o Cristiano Ronaldo, o Mourinho, o Ricardo Carvalho e o Nani alguém piou? E agora por causa de uma árvore há este escarcéu todo? Por mim, podem levar a oliveira, podem levar pinheiros, chaparros, as fábricas que poluem o Tejo, as suiniculturas mal cheirosas e até me podem levar também, que não me importo nada. Tenho simpatia pelo povo britânico, sobretudo o feminino. Por isso acho que não me iria dar mal, embora não me veja a comer feijão com bacon ao pequeno-almoço e tenha receio que, com tanto nevoeiro que por lá costuma haver, ainda apareça o D. Sebastião para nos salvar não se sabe bem de quê nem para quê…
Goodbye and see you later
Serafim das Neves

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