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Falta de civismo e agressões nas urgências hospitalares da região
AGRESSÕES. Em algumas situações os profissionais de saúde têm de enfrentar utentes violentos

Falta de civismo e agressões nas urgências hospitalares da região

Sindicato dos Enfermeiros Portugueses diz que as agressões físicas e verbais a médicos, auxiliares e enfermeiros são frequentes. Profissionais de saúde são obrigados a manter a calma mesmo quando são ofendidos.

A falta de civismo de muitos utentes que recorrem às urgências dos hospitais da região continua a provocar casos de agressões verbais e por vezes físicas aos profissionais de saúde que lá estão a prestar a serviço, incluindo médicos, enfermeiros e auxiliares.
O alerta é deixado a O MIRANTE pelos responsáveis do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que garantem que esta é uma realidade que se vive não apenas na região como no resto do país. E é sazonal, tendendo a agravar-se quando há períodos de pico de afluência às urgências, como no Inverno, durante a época da gripe.
As agressões nas urgências são uma realidade que muitas vezes passa ao lado dos registos das autoridades policiais porque os profissionais de saúde não pretendem gastar tempo e dinheiro a mover processos judiciais contra os agressores. Mas em alguns casos as situações acabam mesmo em tribunal, como aconteceu com um utente de Samora Correia, concelho de Benavente, acusado pelo Ministério Público de ter agredido um enfermeiro e um médico ortopedista do Hospital Vila Franca de Xira e cujo julgamento teve início na última semana (ver caixa).
Nas urgências do Hospital Distrital de Santarém e do Centro Hospitalar do Médio Tejo há registo de alguns profissionais de saúde agredidos, garante a
O MIRANTE Helena Jorge, do SEP, embora os números já não sejam tão elevados como antigamente. “Estamos perante um problema sobretudo comportamental e de civismo das pessoas. Nós, os profissionais de saúde, temos de manter a calma mesmo quando somos verbalmente violentados. Isso acontece em todas as urgências do país e não devia. É uma questão de civismo, embora muitas vezes as pessoas percam a cabeça com quem as está a ajudar”, lamenta.
A sindicalista garante que nas urgências os profissionais actualmente “sentem-se um pouco desprotegidos” e que isso é motivo de preocupação. “Muitas vezes somos ofendidos, humilhados e ameaçados e não temos quem nos proteja. Isso é injusto. É preciso começar a mudar mentalidades”, explica. Nas três urgências da região - Vila Franca de Xira, Santarém e Médio Tejo - existem seguranças de serviço que impedem que algumas situações de violência se tornem mais graves.
Em Vila Franca de Xira o cenário tem estado calmo e não há registo de grandes problemas, sendo que muitas vezes os utentes exaltam-se também devido ao choque emocional e frágil em que se encontram. Rui Marroni, do mesmo sindicato, diz que as urgências são, pela sua tipologia, locais “mais susceptíveis” de se gerarem conflitos, seja pela elevada afluência seja pelo ocasional tempo de espera envolvido. “Há muitas agressões verbais e ameaças aos profissionais que não são reportadas e muita intimidação de alguns utentes para com os profissionais. Temos conhecimento de alguns casos e por norma reportamo-los à administração”, explica a O MIRANTE.

Palmadas e pontapés nas urgências

Começou na semana passada no Tribunal de Vila Franca de Xira o julgamento de um jovem de Samora Correia, concelho de Benavente, acusado pelo Ministério Público (MP) de ter agredido um enfermeiro e um médico das urgências de Vila Franca de Xira. O caso remonta a Janeiro de 2015, quando o arguido sofreu um acidente de mota e foi levado para o hospital.
Segundo a acusação, quando estava a ser acompanhado nas urgências de Vila Franca de Xira, terá reagido violentamente aos cuidados dos técnicos e deu uma palmada, seguida de pontapé, aos profissionais de saúde que o rodeavam. O MP acusou-o de dois crimes de ofensa à integridade física agravada e um crime de ameaça agravada. Antes da sessão o arguido pediu desculpa aos dois ofendidos e o pedido de desculpas foi aceite. Durante a sessão do julgamento, os dois ofendidos mostraram-se disponíveis para desistir da queixa.
Na primeira sessão, o arguido admitiu que se encontrava exaltado devido ao choque do acidente mas garantiu que nunca teve intenção de maltratar os profissionais de saúde, não se lembrando de boa parte do relato feito pelo Ministério Público. O enfermeiro agredido, em declarações ao tribunal, revelou que o comportamento do arguido mostrava “sinais de compatibilidade com um quadro de agitação” próprio de um acidente e que “não acreditava” que o jovem tivesse intenção de os agredir.

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