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Excelso Serafim das Neves

Acabo de ter uma grande desilusão. Durante dias aguardei ansioso pela apresentação pública da Festa da Flor do Entroncamento mas perante o que se passou só me apetece dizer barbaridades e fazer queixa à Deco por publicidade enganosa.
O facto da câmara se ter associado ao director da Central Models, Tó Romano, para florir a terra dos fenómenos, levou-me a imaginar que ele traria consigo algumas das lindas flores que agencia e que só costumamos ver nas capas de revistas e nos desfiles de moda que passam na Fashion TV mas, afinal, em vez de flores só lá estava ele e mais duas jarras, digamos assim. O presidente da câmara e uma veneranda vereadora.
O Tó Romano sonha levar à prática a ideia de Portugal como um jardim à beira-mar plantado. Diz que sabe ser uma utopia mas que não desiste de ver flores em todas as ruas, janelas, varandas, saguões, cozinhas, despensas, quintinhas e quintais e até à beira das auto-estradas, estradas nacionais, nos bancos de suplentes dos campos de futebol, nas casas-de-banho das estações de camionagem e por aí fora. Eu só tinha o sonho de mirar e cheirar de perto, sem tratamento de photoshop, as flores da Central Models, mas népia.
O presidente da câmara, Jorge Faria, é ainda mais utópico que o utopista Tó Romano e o ministro Centeno juntos. Já para não falar do Jerónimo de Sousa, esse grande utopista operário. Vê lá tu que ele anda há três anos a tentar cobrir de flores a terra dos fenómenos, sem sequer dar ajuda nem recompensa a ninguém. É de utopista ou não é?!!
Não dá flores para plantar ou semear a ninguém; não oferece vasos nem terra e nem sequer promete uma redução do IMI para casas com varandas ou janelas floridas. Eu admiro a convicção que ele tem de que os seus discursos são mais eficazes que o adubo! Eu aplaudo o facto de ele se ter convencido que a sua maviosa voz de disco de vinil riscado faz despertar nos seus munícipes uma vontade incontrolável de ir a correr encher tudo de rosas e jasmins. É desta massa que se fazem os grandes líderes, acho eu.
Na Câmara de Azambuja há um homem que devia ser um exemplo para todos os madraços que não querem fazer sacrifícios pelo bem comum. Falo-te do vice-presidente Silvino Lúcio. Desde Outubro de 2013 que ele acata ordens do presidente da câmara, Luís de Sousa, seu camarada no PS, mesmo não lhe reconhecendo qualidades para exercer o cargo que exerce. Fá-lo, como se calcula, em nome da paz e tranquilidade do bom povo de Azambuja.
Infelizmente para ele, o seu altruísmo não é devidamente reconhecido. Vê lá tu que agora o atacam por querer ser ele a candidatar-se ao cargo de presidente, com todos os sacrifícios que isso implica, para que o concelho seja, finalmente, bem administrado. E ainda dizem que não há ingratos. Ai não que não há!!!
Outros incompreendidos são os refugiados sírios, iraquianos e curdos que vieram para Alcanena ou Torres Novas, por exemplo. Há quem lhes chame ingratos por eles se terem ido embora deixando de receber o rendimento mínimo garantido que lhes era pago e de usufruir de casa à borla. O curioso é que outros, como os ciganos, por exemplo, que não abandonam as habitações sociais nem deixam de receber o rendimento mínimo e também são criticados. Mas isto, caro Serafim das Neves, é que é a democracia. Esta diferença de pensamento e também a diferença entre quem quer viver eternamente do subsidiozito e quem quer partir, mesmo sem visto de trabalho nem promessa de emprego, nem garantia de não ser recambiado para a sua terra, só para não estar a dar despesa a um país que, apesar de tudo o que já foi feito, continua nas lonas.
Eu percebo que haja quem queira que os imigrantes sintam que viver em Portugal é bem pior que passar por guerras, naufrágios, chantagens de contrabandistas e meses a viver em tendas mas caramba...há que ter alguma tolerância. Afinal também deixamos sair daqui milhares de portugueses todos os dias, alguns dos quais a quem andámos durante anos a pagar bons cursos e não é por isso que lhes chamamos ingratos.
Saudações migratórias
Manuel Serra d’Aire

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