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Duas das três famílias de refugiados recebidas em Torres Novas foram-se embora

O presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira (PS), é um homem solidário e não admira. Afinal foi um dos fundadores do Centro de Recuperação e Integração Torrejano. Foi seu presidente durante décadas e actualmente ainda faz parte dos corpos sociais. Ao dizer que compreende a partida de duas famílias que o seu concelho acolheu e que não será isso que o impede de receber mais refugiados, tem a consciência que os refugiados precisam efectivamente de apoio e que aqueles que se ofendem com a partida dos refugiados e lhe chamam todos os nomes não conseguem perceber o que são os dramas humanos dos nossos tempos.
O autarca diz para nos lembrarmos que aquelas pessoas “passaram por problemas graves, correram risco de vida, perderam muitas vezes filhos e familiares, foram escorraçadas, exploradas e chegam desconfiadas de tudo e de todos”. Palavras sábias mas que infelizmente não são escutadas.
As famílias que foram acolhidas em diversos países, entre os quais Portugal, não vieram fazer turismo. Vieram para escapar das guerras que existem nos seus países. Foram roubadas, exploradas, escorraçadas. Quem vende tudo o que pode e embarca em barcos inseguros, entregando-se à cupidez de traficantes com crianças de colo, não vem só à procura de um bom emprego como milhares de portugueses que emigram todos os anos para países como França, Alemanha, Suíça ou Reino Unido. São duas realidades diferentes.
Essas famílias passaram meses em campos de refugiados a viver em tendas e a ser exploradas muitas vezes por máfias que ali se instalam. Sair de lá é a primeira prioridade. Quem as pode criticar por partirem, depois de retemperadas as forças, à procura de melhores condições de vida, de familiares ou de pessoas da sua terra que estão noutros países? Elas voltam a partir sabendo que voltam a estar entregues a si próprias e que não podem voltar atrás. Que podem voltar a ser exploradas, escorraçadas, humilhadas. Não avisam com antecedência para não lhes ser barrada a partida...Reconheço que é quase impossível percebermos este drama. Daí a minha sincera admiração pelo presidente da Câmara Municipal de Torres Novas.
Belmira Torres

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