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Tirar os camiões de Valhelhas não é uma questão legal mas de bom senso

O senhor advogado da empresa foi contratado para defender os interesses de quem lhe paga. Se tivesse sido contratado pelas pessoas que lutam pelo direito ao descanso teria uma argumentação diferente, como é fácil perceber. Ele diz: “Ninguém pode obrigar o terminal de camionagem a sair de Valhelhas porque não há fundamento legal para isso”. Se o assunto chegar a Tribunal outro seu colega brandirá legislação anti-ruído e pelo direito ao descanso, por exemplo. Leis há muitas e para todos os gostos. Bom senso e respeito pelo próximo há pouco, infelizmente. Nestas situações não vale tudo. A empresa é importante para a economia local mas isso não quer dizer que não seja ponderada a sua deslocação para fora da aldeia e que isso não aconteça.
A vida mudou e há outros valores a respeitar. Antigamente também se trabalhava de sol a sol, não havia Serviço Nacional de Saúde, subsídio de desemprego, reformas, salário mínimo...se recuarmos muito nem sequer havia camiões e é por isso que as aldeias têm ruas que agora parecem estreitas mas por onde, nessa altura, passavam à vontade as carroças puxadas por mulas. A maior parte das empresas, oficinas, postos de abastecimento, já saíram dos aglomerados habitacionais para as zonas industriais porque foi também para isso que elas foram criadas com os nossos impostos. Está na hora dos proprietários da camionagem mudarem de local. Não é o fumo dos escapes dos pesados e o barulho dos motores que anima a aldeia e a salva da desertificação.
Manuel Tiago Melro

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