uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Dezenas de famílias na Páscoa da Igreja Greco - Católica Ucraniana

Dezenas de famílias na Páscoa da Igreja Greco - Católica Ucraniana

Em Santarém a cerimónia religiosa decorreu na igreja de Santa Clara

Dezenas de famílias ucranianas que trabalham e residem na área de Santarém, encheram a Igreja de Santa Clara, em Santarém na noite de sábado, 15 de Abril, para assistirem à cerimónia religiosa da Páscoa, da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Durante duas horas o ucraniano foi a única língua que se ouviu numa cerimónia celebrada pelo padre Gabriel Tymchyk.
Embora tenha decorrido sábado à noite a cerimónia correspondeu à que se realiza no dia de Páscoa para assinalar a ressurreição de Cristo. Uma vez que a comunidade ucraniana está muito dispersa e os seus membros têm horários de trabalho diversos, os responsáveis pela Igreja Greco-Católica Ucraniana em Portugal optam por realizar mais que uma cerimónia. Na região ocorreu uma outra no domingo de manhã em Fátima, na Igreja da Santíssima Trindade. Num caso como noutro os locais foram cedidos pela igreja católica.
O momento alto da cerimónia é a bênção das cestas enfeitadas, contendo alimentos que as famílias irão comer no almoço de dia de Páscoa. Desde folar, queijo, fruta, bacon, chouriço, toucinho fumado, ovos cozidos com casca pintada de várias cores, alho novo verde, cebolinho, alho, chocolates, tudo é colocado na cesta que cada família leva. Os oriundos de cada região da Ucrânia seguem as suas tradições. Em algumas cestas os alimentos já estão partidos em pequenas porções e noutras estão inteiras, assim como há cestas com as bebidas e outras não.
Natalia e Igor Yarmolyk, a residir em Santarém, adiantam que a cesta foi preparada em casa no próprio dia. “Tem tudo o que é preciso para comer”, afirma Igor Yarmolyk. Também Tamara Beloyahs conta que não teve muito tempo para preparar a sua cesta, apenas preparando no próprio dia. No entanto, não deixou de encher com tudo o que tem direito, nomeadamente uvas, maçãs, chourição, queijo, ovos pintados, água, sal e uma vela para ser acesa no momento em que as cestas são benzidas. Só depois, refere a imigrante ucraniana a residir em Pernes, “ é que provamos o que temos aqui”.
Este ano a Páscoa das Igrejas Orientais, que seguem o antigo calendário Juliano, celebra-se no mesmo dia em que é celebrada a Páscoa da Igreja Católica Romana. A Igreja Greco-Católica Ucraniana, uma das várias igrejas do Oriente, também designada por Igreja Católica Ucraniana de Rito Bizantino, segue o calendário Juliano (de Júlio César) e não o calendário Gregoriano (apresentado pelo Papa Gregório XIII em 1583), pelo qual se guiam as igrejas católicas de Rito Romano.
As celebrações da Páscoa da Igreja Greco-Católica Ucraniana decorrem em diversos pontos do país, nomeadamente em Lisboa (normalmente na Igreja de S. Jorge de Arroios), tendo a participação de muitas centenas de imigrantes da Ucrânia.
Em Portugal residem actualmente cerca de 36 mil ucranianos espalhados por todo o território nacional. Os nacionais daquele país constituem o terceiro grupo de estrangeiros mais numeroso, atrás de brasileiros e cabo-verdianos. Em 2003 o número de ucranianos era quase o dobro (62 mil).
Igreja de Santa Clara
com “quase metade
dos candeeiros sem luz”
A cerimónia não passou indiferente a Manuela Marques, do movimento de cidadania “No Coração da Cidade – Santarém” que afirma que foi uma excelente oportunidade para os cristãos se juntarem todos na celebração da Páscoa e, sobretudo, “era uma maneira de solidarizarem com pessoas que estão aqui de passagem, mas que escolheram aqui para viver”, considera.
O rosto mais visível deste movimento pela cidadania também se queixa do facto de a Igreja de Santa Clara não ter um ar festivo. “Está com quase metade dos candeeiros sem luz”, adianta.

Dezenas de famílias na Páscoa da Igreja Greco - Católica Ucraniana

Mais Notícias

    A carregar...