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Refractário Serafim das Neves

Gosto mais do 1º de Maio do que do 25 de Abril. No 25 de Abril há aquele sectarismo do cravo vermelho que faz com que quem não ande com um ao peito seja considerado um reaccionário e fascista. No 1º de Maio não há farda, somos todos trabalhadores e ninguém nos pede para andarmos com qualquer declaração de rendimentos ao pescoço.
Nunca fui a nenhuma manifestação do Dia do Trabalhador mas só de pensar que posso ir ali numa fila qualquer, de braço dado com outros assalariados como o Durão Barroso que é emigrante e trabalha para a Goldman Sachs ou aquele senhor que era para ser presidente da Caixa Geral de Depósitos que também é assalariado e ainda por cima precário porque perdeu o emprego por causa daquela coisa dos SMS, dá-me cá um fervor democrático que nem imaginas.
Como é lindo o 1º de Maio. Os operários à frente como manda a tradição. Malta proletária como o Mário Nogueira ali de Tomar que passa os dias a temperar o aço revolucionário com que trava as tentativas de avaliação de desempenho que são uma afronta a quem trabalha.
Depois dos Nogueiras, os mineiros que passam o dia a escavar riquezas agarrados às ferramentas de trabalho, seja na gestão de bancos, seguradoras ou mesmo das Finanças. Gestores, Directores, Subdirectores lá mais para trás, porque os últimos são os primeiros, os trabalhadores do sector agrícola. Funcionários do Ministério da Agricultura que se esfalfam a semear apoios comunitários como antes os avós deles semeavam batatas. Grita comigo Serafim. Grita a plenos pulmões. Vivam os trabalhadores. Abaixo os patrões capitalistas!
A semana passada puseram uns deputados frente a frente com cidadãos eleitores. Cinco minutos para cada eleitor. Nada mau. Mas não há bela sem senão. A coisa foi em Lisboa. É sempre tudo em Lisboa. Já não lhes chegava terem o Parlamento em Lisboa e logo no dia em que decidem soltar os deputados para umas conversetas, largam-nos no Cinema S. Jorge... em Lisboa.
Longe vão os tempos em que alguns deputados que moravam aqui na região aproveitavam para fugir ao trânsito das sextas-feiras em Lisboa para virem um dia mais cedo para casa com o pretexto de virem atender os eleitores. Se bem me lembro ainda lá foste um dia para conversar com um, que até era sportinguista como tu, sobre a influência que ele poderia ter na alteração das leis que facilitam as vitórias do Benfica e do Porto no campeonato. Logo por azar foi numa das muitas semanas em que ele se constipou e não fez atendimento. Era um deputado tão atreito a correntes de ar que até desapareceu por completo de cena. Foi um ar que lhe deu!
Eu nunca tentei ir a esses encontros mas reconheço que eram muito interessantes, principalmente para aquelas senhoras de idade que viviam sozinhas e que costumavam ir regularmente às consultas do Centro de Saúde só para darem dois dedos de conversa ao médico. Infelizmente os deputados só se disponibilizavam para atender em Santarém e as deslocações para o local, bem como as ajudas de custo só eram pagas aos eleitos e não aos eleitores. Há sempre estes buracos nas leis, vá-se lá saber porquê.
Em Fátima vai passar a haver dois campos de futebol com nomes de Papas. O campo do Centro Desportivo de Fátima chama-se João Paulo II. O Estádio Municipal vai passar a chamar-se Papa Francisco. Pela minha parte tudo bem. Quando chover muito o pessoal sempre pode dizer que o terreno está empapado e em caso de erros dos árbitros a equipa da casa pode dizer que foi papada. No entanto, já que a Virgem Maria, os Papas e os pastorinhos têm nome em tudo, a começar por ruas e avenidas, não vai sendo tempo de outras homenagens? Sem o campo do municipal relvado não poderiam ter-lhe chamado Estádio das Santas Ovelhas, por exemplo??!!
Um abraço abençoado
Manuel Serra d’Aire

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