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A cultura e o vinho

No Tejo há muito para fazer. O produto tem que se estruturar como região vínica; (...) Têm que se formar pessoas que saibam transmitir toda a história e conhecimento à volta do vinho.

Do lado de cá do Tejo, há quase um ano, um conjunto de pessoas que representam diversas entidades levam a cabo uma tertúlia mensal sobre o vinho – Coisas de vinho. Antes de tudo convém não ignorar que, neste país de matriz essencialmente rural, a vinha é a cultura agrícola mais importante de Portugal. Li algures que representa cerca de 10% da área agrícola do país. Para além de tudo o resto, magníficas adegas, enologia de grande valia, enoturismo em alta etc., esta dimensão agrícola a montante de tudo é, de longe, o mais relevante. Poucos temas serão tão transversais e identitários com a cultura e tradição da região onde trabalhamos e vivemos, os patrimónios associados à vinha e ao vinho tenderão para o infinito. A semana passada decorreu mais uma conversa com o tema “a cultura e o vinho”, num lugar de excelência a provar vinhos únicos. Mais uma vez um enorme sucesso pela quantidade de pessoas presentes mas também pela qualidade da conversa, muito pela responsabilidade da oradora, Ana Paula Amendoeira, Diretora Regional de Cultura do Alentejo, que tratou o tema com enorme sapiência. Percebeu-se que o vinho e a cultura caminham de mãos dadas ao longo dos milénios da nossa história. Compreendemos o presente e aceitamos as enormes oportunidades que estão associadas ao setor da vitivinicultura. É um mundo que traz muita riqueza ao nosso campo e que, só por isso, deve ser considerado com distinção – como sabemos em matéria de desenvolvimento e sustentabilidade territorial “tudo e umas botas” é nada. O objetivo último desta tertúlia é enaltecer, valorizar e promover a cultura, tradição e patrimónios associados ao vinho. Esta foi a essência da iniciativa que agora, uns meses depois, se comprova. Olhando para a região onde vivo e para a universidade onde trabalho há mais de 30 anos vejo uma enorme oportunidade e sentido à iniciativa. Como em tudo o resto o “cada um por si” não é a melhor opção. No Tejo há muito para fazer. O produto tem que se estruturar como região vínica, muitos dos que estão fora têm que estar dentro (a oferta tem que ser conhecida e acessível); têm que se formar pessoas que saibam transmitir toda a história e conhecimento à volta do vinho (não basta dizer umas generalidades, os turistas são cada vez mais exigentes e querem experienciar e saber tudo o que for possível, já que mais não seja para contar nos jantares com os amigos); a Universidade tem que dizer alguma coisa; os media locais/regionais têm um papel muito importante na criação de cultura e na divulgação e o setor deve considerá-los. O “sabor do lugar” onde vivemos está no vinho como em nenhum outro alimento, desse lado do Tejo, terras de vinho, estou certo que uma iniciativa deste género teria toda a oportunidade e sucesso.
Carlos Cupeto – Universidade de Évora

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