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Um triste fado ou uma realidade sem solução

O antigo bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, esteve em Santarém numa visita cultural promovida por um arquitecto local e aproveitou para tecer alguns comentários sobre turismo, autarquias e promoção turística. Segundo a citação transcrita na última edição do jornal
O MIRANTE, o distinto advogado disse: “Os responsáveis das cidades portuguesas não sabem promovê-las. Nos últimos dez anos não ouvi falar de Santarém, como não ouvi falar de Coimbra, que é a minha cidade. Não há uma cultura de marketing e isso é fundamental para atrair turistas”.
Esta é uma daquelas frases feitas que tanto podem dar para Santarém e Coimbra como para qualquer outra cidade do país que não seja Lisboa ou Porto e, episodicamente, Fátima (quando vem por cá o Papa). E isso acontece porque os média nacionais, na verdade, só ligam e, consequentemente, promovem aquilo que lhes está ao pé da porta ou o que lhes é ‘vendido’ pelas poderosas agências de comunicação que lhes fazem a agenda. É uma das muitas consequências deste centralismo bipolar que nos atormenta há décadas e que parece não ter remissão possível. Porque os nossos políticos assim que pisam as alcatifas de São Bento e do Terreiro do Paço depressa esquecem as origens.
Por isso, pouco adianta aos autarcas de Santarém ou de Coimbra promoverem os seus territórios e as suas riquezas patrimoniais e outras (e se as têm com fartura!) se em Lisboa e Porto ninguém os ouve, sejam os média do sector ou os generalistas, sejam as agências de viagens e outros operadores do sector. Mesmo que os municípios tivessem dinheiro para grandes campanhas, estou convicto que o cenário poucas alterações sofreria. É endémico! O país está virado para o mar e tão depressa não se vai equilibrar.
E quanto à declaração citada, acho que o dr. José Miguel Júdice está a hiperbolizar. Nos últimos dez anos ouviu-se falar alguma coisa de Santarém e de Coimbra. Ele, provavelmente, é que não ouviu.
José C. Reis

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