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É alarmante o que se passa no Entroncamento

Como é do conhecimento público, a CP, Comboios de Portugal, a FMNF, Fundação Museu Nacional Ferroviária, autorizaram a demolição da Unidade Tripla Eléctrica, UTE, 2001, a 1ª unidade a entrar em funcionamento em 1956, aquando da introdução da tracção eléctrica em Portugal, e construída pela então Sorefame de Portugal. Esta decisão tem merecido inúmeras críticas dos mais diversos quadrantes da sociedade, a nível nacional e internacional, pelo valor histórico, simbólico e museográfico, que a referida peça representa.
O que se está a passar no Entroncamento ao nível de abate de material circulante, é no mínimo alarmante, deixando antever um alheamento absoluto, sobre as possibilidades que muito desse material encerra, para possíveis reutilizações, sejam na exploração comercial, seja na vertente turística. A CP optou pelo caminho mais fácil, do seu desmantelamento, num tempo em que falta material digno para a exploração, e os resultados e possibilidades dos comboios turísticos, se apresentam desafiadores, a mesma CP, enfia a cabeça na areia. A FMNF, assobia para o ar, respaldada em ditos pareceres abonatórios!. É o vazio absoluto.
Os caminhos de ferro suíços ainda têm no seu espólio, diverso material dos anos 50, que continua a fazer o gáudio dos seus utilizadores, prestigiando os operadores e um país, que se preocupa com a imagem, qualidade e diversidade, para os seus utilizadores.
O alerta vai directo para o actual conselho de gerência da CP, recentemente empossado, o qual deveria suspender as atrocidades em curso, e ouvir pareceres diversos, tais como as principais associações de defesa e promoção do património industrial, a APAI, Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial e a APPI, Associação Portuguesa de Património Industrial, bem como as associações de amigos do caminho de ferro, detentoras de um “know how” importantíssimo nestas matérias.
Não obstante alguns dos organismos citados terem autonomia nos seus procedimentos, CP ou FMNF, é fundamental e imperioso criar mecanismos de controle e observância, sobre as suas atitudes e tomadas de decisão, sobretudo quando as mesmas são um atentado à preservação da memória, que resultam numa delapidação irreparável e irreversível do património histórico, memória de um país.
Resta ainda um alerta às tutelas, Ministro do Equipamento e Secretário de Estado dos Transportes, os quais têm sido insistentemente advertidos para estas problemáticas, a até ao momento não ser conhecida qualquer tomada de posição sobre os procedimentos em curso.
António Pinto Pires
Ex presidente da comissão executiva instaladora do Museu Nacional Ferroviário.

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