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Fogos destroem Médio Tejo
Moradores ficaram indignados por não os deixarem passar para ver como estavam as suas casas

Fogos destroem Médio Tejo

Os últimos dias têm sido de aflição na zona norte do distrito de Santarém, com vários incêndios em Tomar, Abrantes e Mação. Um dos mais graves foi em Abrantes que começou no dia 8 de Agosto e foi combatido por mais de 700 operacionais. As chamas ainda lavravam quando surgiu outro fogo às portas da cidade. Foi uma semana de aflição. Ainda decorria este incêndio quando Tomar foi também afectada pelo flagelo, no dia 12 de Agosto, na localidade de Carvalhal, na União de Freguesias da Serra e Junceira. Em Mação têm surgido vários focos de incêndio e já com as situações de Tomar e Abrantes debeladas na madrugada de quarta-feira, 16 de Agosto, outro fogo em Mação, na localidade de Aboboreira, que às 10h00 já mobilizava perto de 400 bombeiros.

“Não é fácil convencer as pessoas a deixarem as suas casas”

João Caseiro, da aldeia de Carreira do Mato, estava indignado na tarde de quinta-feira, 10 de Agosto, pelo facto de não o deixarem passar para ir ver como estava a sua casa e os seus pertences. Situação que se repetia com outros moradores que reclamavam mais apoio para se poderem deslocar às suas casas e aferir se o fogo que lavrou por esses dias no concelho de Abrantes tinha feito estragos .
Dezassete aldeias do concelho de Abrantes foram afectadas pelo fogo que deflagrou no dia 9 de Agosto e que consumiu muitos hectares de floresta e mato mas também uma primeira habitação em Aldeia do Mato e vários barracões de apoio à actividade agrícola. Foram evacuadas parcialmente seis aldeias, tendo cerca de 50 pessoas sido encaminhadas para o quartel do Regimento de Apoio Militar de Emergência, em Abrantes.
O presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, Rui André, reconheceu a
O MIRANTE que não é fácil convencer as pessoas a deixarem as suas casas e os seus bens, sem data certa para voltar e sem saberem como encontrarão as suas casas depois da passagem do fogo.
João Antunes Rosa, 82 anos, vive na Aldeia do Mato e o fogo trocou-lhe as voltas. Quando saiu de casa pela manhã tudo estava bem. Depois de ter tratado de alguns assuntos em Abrantes, pretendia regressar a casa mas o fogo estava activo e as autoridades já não o deixaram prosseguir, para garantir a sua segurança, visto que o fogo lavrava com intensidade, precisamente na sua aldeia.
O morador garantiu a O MIRANTE que iria dormir a casa, porque conhecia caminhos alternativos que lhe permitiriam chegar a casa sem perigo e escapando ao controlo das autoridades. Valeu a intervenção concertadora dos agentes da autoridade que demoveram João Rosa de ir para casa, aconselhando-o a seguir para um local seguro indicado pelas autoridades.
Depois da mediação da presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, os moradores foram acompanhados pelos bombeiros para fazerem o reconhecimento dos danos provocados pelo fogo e verificarem da integridade das suas habitações.
O presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos disse que tinha todo o seu executivo empenhado na ajuda aos munícipes e aos bombeiros, quer para indicar caminhos, ou locais de abastecimento de auto-tanques, quer no encaminhamento das pessoas para locais onde o fogo não representasse perigo. Depois da tragédia, garantiu Rui André, importa agora concertar meios para ajudar as pessoas afectadas pelo fogo.
A presidente da Câmara de Abrantes aponta no mesmo sentido e sublinhou que depois da passagem devastadora do fogo pelo concelho de Abrantes é preciso contabilizar prejuízos e encontrar as melhores soluções para as pessoas e bens perdidos.

Mação quer esclarecimentos sobre combate a incêndios

A Comissão Municipal de Defesa da Floresta de Mação (CMDFM) autorizou a autarquia a pedir à Inspecção Geral de Administração Interna (IGAI) esclarecimentos “sobre as operações de combate” e “algumas das decisões tomadas” no incêndio de Mação.
“O pedido de averiguação e inspecção foi aprovado, mas fica suspenso até um eventual relatório que esteja a ser feito sobre o incêndio e que o executivo camarário já solicitou, esperando que seja disponibilizado brevemente”, disse o presidente da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela (PSD), acrescentando que o comandante dos Bombeiros de Mação “já pediu a fita do tempo”, para uma “análise pormenorizada do que se passou em termos de decisões entre os dias 23 e 27 de Julho”, quando arderam cerca de 18 mil hectares de floresta naquele concelho.
O autarca adiantou que “prosseguir com o pedido dependerá do conteúdo da exposição e do entendimento municipal sobre a análise da situação”, notando que, da parte da CMDFM, a autarquia teve “aprovação para avançar com o pedido de averiguação e inspecção relativamente às decisões que foram tomadas naqueles quatro dias de Julho”, para o apuramento de responsabilidade pelas decisões tomadas.
“Vamos aguardar pelo relatório. Estamos a ser consequentes com o que sempre dissemos. Que iríamos apurar até ao fim as responsabilidades de todos, também da câmara e dos intervenientes no terreno, no sentido de serem confrontados com as suas decisões”, frisou.
A Comissão Municipal de Defesa da Floresta reuniu no dia 8 de Agosto em Mação com o objectivo da “reflexão e compreensão do que correu bem e mal” no recente incêndio no concelho, que consumiu mais de 18 mil hectares de área florestal, para além de barracões, palheiros, material agrícola e viaturas.
“Não foi uma reunião fácil, porque as pessoas estão revoltadas e muito sensíveis a este assunto, até pelas dificuldades que estão a passar”, disse Vasco Estrela, relativamente a uma reunião que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho e onde estiveram presentes, entre outros, os presidentes das Juntas de Freguesia de Envendos [nove mil hectares ardidos], Cardigos [cinco mil hectares ardidos] e Carvoeiro [ardeu toda a freguesia].
A Comissão contou com a presença dos presidentes de todas as freguesias do concelho (à excepção da de Amêndoa), do comandante dos Bombeiros Voluntários de Mação, do comandante operacional distrital de Santarém, Mário Silvestre, de representantes dos produtores florestais (AFLOMAÇÃO), do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e Florestas) e de militares da Guarda Nacional Republicana (GNR).

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