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Sem-abrigo debaixo de uma varanda a poucos metros da junta de freguesia no Forte da Casa

Sem-abrigo debaixo de uma varanda a poucos metros da junta de freguesia no Forte da Casa

Vítor Manuel Gama vive na rua há uma década e só quer que lhe arranjem um lar

Vítor Manuel Gama, ou Vitinho como é conhecido, diz que vive há uma década na rua e há algum tempo que é visto a dormir debaixo de uma varanda de um prédio a poucos metros da sede da Junta de Freguesia do Forte da Casa. O sem-abrigo, que vai tentando sobreviver com uma mísera reforma, tem vergonha do estado em que se encontra e só pede que lhe arranjem um sítio para ficar. Mas até agora ninguém fez alguma coisa e Vítor vai afogando as tristezas da vida com o consumo de álcool.
O sem-abrigo vai fazer 70 anos em Outubro e já perdeu a conta aos verões e invernos que passou debaixo da varanda de um dos prédios da Rua Antero de Quental. “Já apanhei aqui muito frio e muita chuva. Já nem sei há quanto tempo estou na rua e quero sair daqui, só me quero ir embora daqui!”, pede em desespero, com a voz embargada e o olhar triste. Vítor dorme debaixo de cobertores esfiapados, no meio de caixotes, roupa amontoada e um colchão velho. Pelo espaço há sacos de plástico e outros objectos amontoados.
Nasceu em São Sebastião da Pedreira, Lisboa, mas foi para o Forte da Casa quando casou com a mulher, de quem está actualmente divorciado. Foi com a separação e a saída de casa que passou a viver na rua, perto da casa onde ainda habita a ex-mulher. Vítor diz que de vez em quando vê passar a filha e os netos ao longe mas mantém-se distante deles. A sua situação envergonha-o.
Vítor nunca conseguiu refazer a vida depois do divórcio e caiu no alcoolismo. O ex-presidente da junta, António José Inácio, encontrou-o há dias. Diz que não sabia desta situação e tratou logo de tentar ajudar o sem-abrigo. “Ele não pode continuar ali naquele estado, é desumano”, refere Inácio, realçando que Vítor não se encontrava na rua na época em que ele era presidente da junta e agora tomou a seu cargo a resolução da situação: “Já contactei a Linha de Emergência 144 e disseram-me que tinha de contactar a Segurança Social de Vila Franca de Xira, o que fiz, e eles vão ver se conseguem arranjar-lhe um quarto nalguma casa ou colocá-lo numa instituição”.
Vítor tem um passe de transportes públicos e apanha todos os dias o comboio para ajudar um casal de pescadores da Póvoa de Santa Iria, carregando caixas e ajudando-os a vender o peixe no Mercado de Arroios, em Lisboa. “A reforma do sem-abrigo é de cerca de 300 euros, o que lhe permite comprar comida, o passe de transportes e sustentar o vício.
“Conheci outros casos, alguns através dos Companheiros da Noite, em que o acompanhamento certo os ajudou a recuperar e a refazer as suas vidas”, avisou António Inácio, acrescentando que durante os vinte anos em que foi presidente do Forte da Casa chegou a ajudar alguns sem-abrigo a saírem das ruas e que agora quer fazer o mesmo por Vitinho.

Sem-abrigo debaixo de uma varanda a poucos metros da junta de freguesia no Forte da Casa

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