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Jovens chegam-se à frente para manter festas em Vale de Cavalos

Jovens chegam-se à frente para manter festas em Vale de Cavalos

Tiram algum do seu tempo para garantirem que a tradição não morre na pequena aldeia do concelho da Chamusca e que as Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios continuam a marcar o calendário anual. O objectivo é angariar receitas para o centro de apoio social da terra.

O bairrismo e o apego às tradições locais estão inculcados nos jovens da freguesia de Vale de Cavalos, concelho da Chamusca, que com o objectivo de angariarem fundos para a construção de um lar do “Aconchego” – Centro de Apoio Social da terra, fazem questão de pertencer à Comissão de Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios ou de ser voluntários e ajudar na realização da mesma. Um apoio que vai desde vender rifas, grelhar febras, fritar batatas, servir às mesas ou oferecer um bolo.
Na sexta-feira, 1 de Setembro, ainda a festa não foi inaugurada e o cheiro a grelhados já se apoderou da cozinha. Do outro lado, atarefada no fogão, está Susana Chora. De apenas 22 anos, é a segunda vez que a jovem da Chamusca ajuda na organização das festas. “Este ano estou a participar porque o meu namorado, que faz parte da comissão, pediu-me e eu aceitei”, explica. E admite: “São poucos os jovens que se interessam em ajudar nas festas. Nós estamos aqui para isso e, sobretudo, para que a tradição não morra”.
Para Susana, um dos problemas com que a freguesia se tem confrontado é com a falta de trabalho que leva os jovens a deslocarem-se para outros lados. Daí, confessa, a razão de “não haver muita gente nova a participar nas festas”. “Somos poucos mas bons”, diz com um sorriso.
Numa “roda viva” anda também Ana Costa, 36 anos. A colocar os últimos pratos nas mesas, conta que a primeira vez que começou a ajudar nas festas, em 2004, foi para estar numa barraquinha de venda de bolos e bebidas licorosas juntamente com três amigas de Vale de Cavalos. “Na altura, demos o nome de ‘Doce Aconchego’ porque vendíamos bolos oferecidos pela população e as receitas iam todas para a instituição da terra. Ainda durou uns anos, mas depois cada uma de nós seguiu a sua vida e acabámos por deixar de participar”, revela, dizendo que, este ano, já não estava para fazer parte da comissão, mas o irmão insistiu e aceitou.
Ana Costa diz que os jovens são essenciais para a continuação das festas, pois as pessoas que sempre ajudaram estão saturadas e “já não têm cabeça para continuar com isto”. “Nós, que somos novos, temos de seguir com a tradição. É o nosso papel”, admite.

Futuro das festas está nas mãos dos jovens
“O que me faz estar aqui hoje é a construção do lar. Era a melhor coisa que Vale de Cavalos poderia ter. Se o objectivo fosse outro, se calhar não estava cá hoje”, confessa André Ricardo enquanto enche copos com cerveja e tira cafés. O jovem de 34 anos não tem dúvidas que a tradição é a alma da festa e que “se isso fosse alterado, nada faria já sentido”. André Ricardo integra a comissão há quatro anos e acredita que está, neste momento, nas mãos dos jovens a continuação das festas. “Se ninguém agarrar nisto as festas vão acabar”, adianta.
No outro lado do recinto, numa barraquinha para venda de bolos e servir café, encontra-se Susana Pardal, 35 anos. A participar desde 2009 na festa, admite que, ao contrário do normal, os pais só começaram a participar nas festas porque os filhos também já faziam parte da comissão. “Fomos nós que os envolvemos”, admite, relatando que a comissão de festas é maioritariamente jovem, sobretudo porque o trabalho é muito e gente mais velha aguenta menos. “As festas são muito cansativas, de tal forma, que já aconteceram coisas fora do comum”. Uma vez, conta, “um colega da comissão de festas estava tão cansado no último dia das festas que começou a procurar o carro em todo o lado e nunca o encontrou. Depois viu-se que tinha o carro arrumado em casa”, ri-se.
A freguesia de Vale de Cavalos, no concelho da Chamusca, esteve em festa de dia 1 a 4 de Setembro. A procissão e o fogo-de-artifício foram os pontos altos destes quatro dias de festividades onde não faltou música, bailes, leilão de fogaças e cavalhadas..

Jovens chegam-se à frente para manter festas em Vale de Cavalos

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