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Jovens com interesses culturais e sem vontade de emigrar
Bárbara, Mafalda, Adrian e Francisco são alunos interessados

Jovens com interesses culturais e sem vontade de emigrar

O MIRANTE falou com quatro estudantes do ensino secundário de Alcanena que decidiram passar um dia das férias lectivas a conhecer alguns dos monumentos e história de Santarém.

Francisco Morais, Mafalda Santos, Bárbara Neves e Adrian Postolachi, jovens estudantes de Alcanena, escolheram a cidade de Santarém para passar um dia das férias lectivas deste Verão a visitar alguns monumentos históricos que já conhecem das páginas dos livros escolares e acreditam que esta jornada os vai unir e será recordada no futuro.
Os jovens ribatejanos, com idades entre os 15 e 16 anos, preparam-se para iniciar mais um ano lectivo na Escola Secundária de Alcanena, onde, dizem, o nível de interesse pela vida social, por parte de muitos colegas, é quase nulo. A busca por novas sensações e emoções fortes passa muitas vezes por fazer “figuras tristes”, quando fumam oregãos como se fosse uma erva alucinogénia ou consomem “caldos knorr” como se de bolotas de haxixe se tratassem, referem os jovens, com o ar de quem procura manter-se informado sobre as substâncias que circulam nas escolas.
Os quatro confessam que gostam de coisas bonitas. Roupas de marca, dizem, não são importantes, mas gostam de marcar a diferença também pelo aspecto. Importante, garantem, é sentirem-se bem consigo próprios e adquirirem conhecimentos empíricos que lhes abram horizontes.
A escolha de Santarém para passar um dia não é indiferente a esta pretensão. Por vezes aquilo que é importante está bem próximo e Santarém tem oferta histórica de relevo, aliada à segurança de poder circular pela cidade descontraidamente e ainda dar um pulinho ao shopping para ver um filme ou fazer umas comprinhas.
Os jovens são alunos interessados e que procuram aliar os conhecimentos adquiridos nas salas de aula à cultura geral que o meio onde circulam lhe possibilita. Apesar da idade, já visitaram vários países como França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Itália e garantem que os jovens portugueses têm um nível cultural muito bom, apesar das excepções que existem, dizem, em todos os lugares.
Os jovens referem que os políticos deviam apostar mais na proximidade e aferir as necessidades de cada localidade falando com as pessoas, porque o que falta para motivar a fixação dos mais novos é muito simples e de fácil concretização. Mais jardins com estruturas de apoio que possibilitem o usufruto de momentos de convívio, melhores estruturas desportivas para a prática de modalidades mais abrangentes e que não se fiquem apenas pelo futebol, andebol ou voleibol, e que estejam ao alcance de todos.
A existência de empresas diversificadas é muito importante, sublinham os jovens, para garantir a empregabilidade de qualidade e motivar os jovens a fixar-se nas suas terras e a não emigrarem. Adrian sabe do que fala. Os pais deixaram a Moldávia há 14 anos e vieram para Portugal em busca de melhores condições de vida. Ele e a irmã gostariam de continuar a viver em Portugal e fincar raízes no país que os acolheu e onde têm os amigos. A necessidade de emigrar pode ser muito traumatizante, “fica uma sensação de não ter conseguido contribuir para o progresso do seu país”, disse Adrian, e por isso não gostaria de ter de deixar Portugal para ter uma boa vida, para si e para a família que há-de constituir.
Os amigos concordam, dizem que querem terminar os estudos em Portugal, fazer Erasmus e trabalhar cá dentro para garantir a continuidade do país e conseguir melhores condições para acolher mais habitantes. Sublinham que a História prova que os portugueses têm uma capacidade extraordinária para ultrapassar dificuldades e distinguem-se em áreas que vão desde a medicina à cultura, passando pelo desporto e pela economia.
A massificação da tecnologia afasta a socialização das pessoas, mas os jovens alcanenenses garantem que nada se compara ao convívio presencial. E a amizade verdadeira, para além de unir vontades, ultrapassa barreiras. O contexto escolar, por vezes é difícil, com muita competitividade e por isso a ajuda daqueles que dominam melhor determinada matéria é importante para os que têm mais dificuldade. O objectivo, diz Mafalda Santos, é conseguir os melhores resultados e adquirir conhecimentos para continuar a apostar no futuro.

Críticas aos custos do ensino

Com o início de mais um ano lectivo (este ano vão frequentar o 11º ano de escolaridade), os jovens referem o investimento que os pais já fizeram em livros e material escolar, mais de 300 euros. Uma verba avultada que, consideram, deveria ser suportada pelo Ministério da Educação, porque se trata de ensino obrigatório e dito gratuito.
Estes alunos dizem que até as folhas de teste têm de comprar. “Não é pelo preço”, diz Mafalda, “custam cinco cêntimos, mas o princípio está errado”, frisa a jovem que gostaria de um ensino mais uniforme, menos teórico e mais apelativo. Os jovens constatam que, por exemplo, na disciplina de Português continua a estudar-se “Os Maias”, de Eça de Queirós, como há 30 anos.

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