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Município de Vila Franca de Xira produz o vinho oferecido nas maiores festas do concelho

Município de Vila Franca de Xira produz o vinho oferecido nas maiores festas do concelho

Quinta Municipal da Subserra é um tesouro com muito por explorar. É tudo cem por cento Vila Franca de Xira: das mãos que semeiam às que apanham as uvas. É um dos poucos municípios do país e muito provavelmente o único da região que produz vinho anualmente nas encostas de uma das suas quintas municipais. Sirva-se sem rodeios desta reportagem que O MIRANTE fez nas adegas desta quinta onde nasce todo o vinho que abastece, entre outras festas, o Colete Encarnado.

É na Quinta Municipal da Subserra, em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, que são produzidos todos os anos milhares de litros de vinho branco e tinto, pela mão da câmara municipal, que tem como destino as festas da região e as cerimónias oficiais.
Se já esteve na conhecida noite da sardinha assada do Colete Encarnado, saiba que todo o tinto oferecido foi criado nesta quinta municipal. Mas não é a única: muitas juntas de freguesia e associações do concelho pedem este vinho para as suas festas. Tudo é feito num local recatado, a poucos minutos do centro de Alhandra com o Tejo no horizonte. São ao todo seis hectares de cultivo de vinha de propriedade pública que, quando estiverem a produzir em pleno, vão gerar 50 mil litros de vinho. O ano passado a produção foi de 10 mil litros mas este ano já se duplicaram os números, rondando os 20 mil litros. Uma subida em contraciclo com o resto da produção vinícola nacional.
Desde o século XVII que a quinta se dedica à produção vinícola embora de forma amadora e sem qualidade. Mas tudo mudou nos últimos quatro anos: a câmara local apostou neste ramo por acreditar tratar-se de uma imagem diferenciadora, particularmente piscando o olho ao enoturismo, e com o aconselhamento de uma empresa, chamada Regiplac, deu o salto para a profissionalização.
“No vinho tinto tínhamos aqui seis castas diferentes, isso não era funcional, não permitia produzir vinhos de qualidade. Modificámos isso e passámos a ter variedades mais adaptadas ao terreno e à região”, explica António Félix, vereador do município. Foi ele um dos responsáveis pelo actual plano que virou do avesso a produção na quinta. Actualmente cultivam-se três castas de brancos: Fernão Pires, Arinto e Moscatel. E quatro castas de tinto: Touriga Nacional, Castelão, Syrah e Touriga Franca.
“Isto é uma paixão de todos os envolvidos. Estamos hoje perante bons vinhos e provavelmente iremos no futuro apostar num licoroso. É mais um factor distintivo do concelho. Poucos são os municípios que têm vinha e é natural que assim seja, pois o investimento é grande e os meios financeiros são sempre insuficientes. Mas é um factor de dinamização desta quinta, conseguimos trazer visitantes para provas de vinhos, por exemplo. Há ainda um longo trabalho a fazer, para mais cinco anos, mas nessa altura poderemos dizer que valeu a pena, para termos um vinho extraordinário que nos orgulhe e seja reconhecido por muita gente. E sobretudo pelas pessoas do nosso concelho. Que seja um vinho que mate a saudade dos que estão longe e que seja a marca da nossa terra”, explica Alberto Mesquita (PS), presidente do município.
Já Mário Louro, enólogo e consultor nesta área, explica que a vinha da Subserra é “fantástica” e com um potencial imenso de atrair visitantes do enoturismo. “Não é só o vinho, as pessoas querem a experiência toda, tudo o que envolve a produção. Querem apanhar as uvas, andar nas vinhas, sujar os pés na adega, provar. É um conjunto de experiências e de potencialidades que aqui se conseguem oferecer”, defende.

Made in Vila Franca de Xira

“Encostas de Xira” é o nome que a câmara registou e que passa a estar presente em todas as suas colheitas. O vinho ainda não está licenciado para venda mas esse é um processo que está em curso. A ambição, explica António Félix, é quando esse licenciamento estiver concluído vir a associar cada vinho às diferentes campanhas gastronómicas que o município tem promovido, como o branco ao Março Mês do Sável e o tinto à Semana Gastronómica de Novembro.
Das mãos que semeiam aos que embalam, o vinho é todo processado por gente da terra e da região. A começar pelo rótulo, desenhado pelo cartoonista Vasco Gargalo. Na quinta são responsáveis Fábio Ferreira e Mafalda Rolinho. O enólogo que contacta directamente com as vinhas é João Passarinho. Andreia Rodrigues, vilafranquense, e Mário Louro, escalabitano, são os outros dois nomes que prestam consultadoria técnica ao município.
“Para os nossos emigrantes isto é um grande veículo. Poderem levar consigo uma marca da sua terra, poderem ter orgulho do seu vinho, da sua região... É um veículo que ajuda a promover o concelho numa altura em que, todos sabemos, o vinho está na moda”, explica Mário Louro. Este enólogo e consultor de Santarém tem 72 anos e durante 28 anos foi provador na antiga Junta Nacional do Vinho.
“Cada ano é um ano mas temos boas indicações para esta colheita [que está em curso]. O ano passado fizemos um vinho de Fernão Pires com Moscatel e com um cheirinho de Arinto. Este ano provavelmente vamos mudar, se a Touriga estiver boa será um vinho de apenas um tipo de uva. O que temos actualmente é um branco com corpo, estrutura e profundidade. Não é um branco para beber frio e ao principio da tarde. É para se sentar à mesa, grelhar o peixe e comer. Tem bastante álcool, forma e estrutura para acompanhar uma refeição. No passado havia a ideia que o branco era só para peixe, hoje não, um branco com corpo pode acompanhar grelhados ou outros pratos. O tinto tem corpo, estrutura e tudo para durar muitos anos”, conclui.

Município de Vila Franca de Xira produz o vinho oferecido nas maiores festas do concelho

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