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A fobia que cresce em relação à Segurança Social e aos serviços públicos em geral

Tenho um amigo que está há mais de meio ano à espera que a Segurança Social de Santarém lhe diga os anos completos de descontos feitos para a Segurança Social, nomeadamente os primeiros anos que não estão digitalizados e por isso não se encontram disponíveis na Segurança Social online.
Conversa, puxa conversa, fiquei a conhecer, através dele, o caso de uma cidadã estrangeira, casada com um médico, que requereu há dois meses que lhe fosse atribuído o número da Segurança Social, apesar de não estar a trabalhar, porque o mesmo lhe foi exigido pelo Centro de Emprego de Torres Novas para poder frequentar acções de formação em língua portuguesa, no âmbito do programa com o irónico título “Português para Todos”. O pedido foi feito há dois meses e a resposta ainda não chegou.
Eu que tenho uma alergia crónica a serviços públicos e a quem lá trabalha, (ressalvando, por justiça, os raros que estão lá para servir os cidadãos e não para receberem o ordenado que nunca falha), cada vez mais descubro pessoas que sofrem da mesma doença. Ontem mesmo li no site Sapo 24, o seguinte texto da autora de Diogo Faro.
“Ir à Segurança Social é como estudar anos e anos para um exame oral sabendo que é garantido que vais chumbar. É como querer fazer açorda de marisco com pão de há 4 meses e camarão com bolor. É como ser empalado rectalmente sem o mínimo de carinho, nem sequer uma mensagem no dia a seguir. Enfim, todo um rol de coisas que me fazem crer que o suicídio poderá não ser assim tão grave cada vez que tenho que ir à Segurança Social.
Falo-vos disto porque para a semana tenho de lá ir. (...) Sei que ainda faltam 4 dias mas já me estou a preparar, mental e fisicamente. Já comecei a fazer exercícios de respiração e meditação e já comecei a preparar a mochila de viagem. Levo tenda, saco-cama, camping-gaz, cartas para jogar com os amigos que lá fizer, kit primeiros-socorros e um colete de forças, para vestir no momento antes de ser atendido, para me impedir de fazer gestos bruscos com os braços. E caso faça pichas com os dedos, ao menos as mãos estão atrás das costas e a senhora que me está a atender não as vê. Querem apostar como venho de lá sem o meu problema resolvido? Podemos apostar e daqui a uns 5 anos, quando estiver de volta, escrevo-vos aqui como correu.”
Joaquim Hernâni
Bolhão Teixeira

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