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No tempo das quimeras diluíram-se as fronteiras entre a realidade e a ficção

No tempo das quimeras diluíram-se as fronteiras entre a realidade e a ficção

Jorge Tavares nascido a 29/08/1967, Director do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita do Cartaxo

Há coisas que nunca mudam mas muda-se sempre muita coisa, nomeadamente aos trinta anos. O director do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita, do Cartaxo, resume com algum humor algumas mudanças que fez. “Com cerca de 30 anos mudei de casa, de escola, de carro e nasceu o meu filho Bruno. Mudar tudo? Era só o que faltava! Não mudei de mulher nem de clube (FCP até que Deus me leve)”.

O que aproveitou e desaproveitou da juventude?

Lembrando a juventude de outrora, desaproveitei-a, obviamente! O tempo foi demasiadamente roubado em estados de alma institucionais que me ritualizavam e afogavam pensamentos mais atrevidos.

Se tivesse trinta anos e soubesse o que sabe hoje?

Voltar a ter 30 anos é voltar a um horizonte longínquo que chego a perseguir silenciosamente. Era voltar à Escola C+S de Aveiras de Cima e permanecer mais tempo com a presidente Teresa Valente e beber mais ensinamentos que me seriam úteis na direcção das Escolas do Cartaxo.

Qual foi a época dourada da região?

O início do século XXI foi o “tempo das quimeras”. Os acontecimentos chegavam de revoada à Lezíria e Médio Tejo. Subíamos a A23 sem pagar e o Cartaxo ficava colado à A1. A inauguração da ponte da Lezíria permitiu deslizar silenciosamente sobre os campos do Ribatejo num desejo imperioso de modernidade e de progresso. Estava diluída a fronteira entre a realidade e a ficção.

O que ficou por fazer na região mas que valia a pena ser feito?

A não construção do aeroporto na OTA hipotecou o sonho, aprisionando o nosso tempo.

Quando conheceu O MIRANTE? Que alterações faria ao jornal?

O Mirante foi-me apresentado pelo meu sogro quando este pretendia ser assinante há cerca de duas décadas. Tenho uma relação de proximidade semanal enquanto leitor, assinante e até de colaborador, bem como de anunciante. Em tom de desafio gostaria de, no futuro, poder ter mais artigos de opinião.

Onde vivia há trinta anos?

Há 30 anos o meu cartão de eleitor anunciava que tinha residência na Cunheira (Alter do Chão), onde orgulhosamente fui criado. Escrevi a monografia “Cunheira, ontem e hoje”; fui vice-presidente do Grupo Recreativo e Olímpico da Cunheira (GROC), colaborador do jornal regional “O Mensageiro de Alter” e acólito, por orientação da minha mãe.

Nos anos 80 o grupo rock “Táxi” cantava “Quero ver Portugal na CEE. Fazia coro?

Na década de 80 também fui daqueles que queria ver Portugal na CEE. Três décadas mais tarde sinto que a Europa, para nós, deixou de ser um horizonte longínquo, que a presença da Troika em Portugal foi de um estrondo apocalíptico mas se essa adesão não tivesse acontecido estaríamos por aqui acantonados com rosto inexpressivo e sem olhar de futuro.

No tempo das quimeras diluíram-se as fronteiras entre a realidade e a ficção

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