Tenho por princípio não avaliar as decisões do passado com base no que sei hoje
Santarém tem uma excelente localização face às vias rodoviárias do país; tem preços para instalação de empresas muito competitivos; está perto de Lisboa mas ainda não se conseguiu afirmar como uma “capital empresarial”. É esse facto negativo que mancha toda a avaliação positiva que Teresa Ferreira faz da região e do progresso assinalável conseguidos nas três últimas décadas.
Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais?
Tento manter um princípio - não avaliar decisões do passado com base no que sei hoje. Acho que não é uma avaliação justa. O que sei hoje pode e deve influenciar as decisões do futuro. Quanto ao passado, o que interessa é se decidimos bem no contexto e com o conhecimento que tínhamos na altura. No essencial, não me arrependo das decisões tomadas.
Viveu bem a sua juventude?
Vivi muito bem, claro está, nos padrões da época, em que os ‘Erasmus’ eram uma raridade e viagens ao estrangeiro quase inacessíveis. Convivi, diverti-me, terminei a minha licenciatura com 22 anos e comecei logo a trabalhar e depois disso fiz uma pós-graduação e um MBA. Nunca me isolei nem vivi só para os estudos.
Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado pelos trinta anos?
Tinha precisamente trinta anos quando nasceu a minha filha mais velha. Não creio que haja decisão mais importante ou acontecimento mais marcante do que o nascimento dos nossos filhos.
Dos investimentos concretizados nos últimos trinta anos, qual o que destaca?
Todos tiveram impacto positivo na nossa região mas a Ponte Salgueiro Maia trouxe outra fluidez e modernidade nos acessos a Santarém.
Há quantos anos conhece
O MIRANTE?
Sou leitora assídua de O MIRANTE
há muitos anos. Aprecio a sua ousadia, a procura de novos caminhos e a interacção com os leitores…. Parabéns pelo 30º aniversário!
Onde residia há trinta anos? O que gostava que voltasse a ser como era nessa altura?
Morava em Santarém e, como não sou muito saudosista e gosto mais de viver com os olhos voltados para a frente do que para trás, não há muito de substancial que gostasse que voltasse a ser como era. No entanto, apesar de perceber todas as vicissitudes que motivaram a mudança da FNA (Feira Nacional da Agricultura) para o CNEMA e reconhecer a qualidade superior e muito mais profissionalizada da “feira”, a minha geração recorda com ternura os tempos em que a Feira estava no Campo Infante da Câmara. Os escalabitanos reclamam, e no meu ponto de vista com toda a legitimidade, um bom projecto para aproveitamento daquele espaço.
Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos. Que balanço faz dessa decisão?
Sou uma europeísta convicta. Não tenho dúvidas que a adesão ao projecto europeu e a sua consolidação foi fundamental para o desenvolvimento do país. As grandes obras, a formação profissional, os apoios às empresas, permitiram que o nosso nível de vida esteja muito mais próximo dos restantes países europeus. A mobilidade de pessoas, principalmente dos jovens, e o alargamento dos mercados potenciam muitíssimo as nossas oportunidades.