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Sensibilização e “natal”

A nossa atitude diária só muda com educação, saber e cultura. Só assim poderemos crescer como melhores pessoas e termos, naturalmente, uma atitude mais solidária e altruísta, que sirva o nosso semelhante.

Confesso-vos que me saturam a “sensibilização” e o “espírito natalício” que, curiosamente, tocam-se muito. Chegámos à época do consumo desenfreado, isto é, do gastar o que não se tem, dos “jantares de Natal”, do pacote solidariedade-fraternidade para com o próximo, e por aí fora. Somos todos sensibilizados para que assim seja. Somos também sensibilizados para tudo o supostamente correto – não desperdiçar água, separar o lixo, participar civicamente na vida da nossa terra, etc. Na prática, andamos todo o ano a não ser solidários, a esquecer os vizinhos e todos os demais que nos rodeiam, e em duas ou três semanas tudo muda. Tudo muda com grande intensidade, em jeito de compensação; andamos todos com um enorme “espírito natalício”, pelo menos até ao momento em que algum condutor não respeita uma prioridade ou nos toque a buzina. O resto da história já todos a sabemos: em janeiro a realidade cai-nos em cima e voltamos à normalidade da “não solidariedade-fraternidade”. Na verdade, o que podemos e devemos fazer é mudar de atitude. Obviamente que esta não muda com “sensibilização”, que só serve para nos enganarmos, mais uma vez, uns aos outros. É muito própria destes tempos do “politicamente correto” acima de tudo.
A nossa atitude diária só muda com educação, saber e cultura. Só assim poderemos crescer como melhores pessoas e termos, naturalmente, uma atitude mais solidária e altruísta, que sirva o nosso semelhante. Muitas vezes interrogo-me: como servir? O que necessita quem me rodeia, o que me pede a cidade onde vivo e o que dou aos meus alunos para além da matéria do programa? Às vezes não é necessário grande investimento pessoal, nem sequer tempo, basta um afeto, um simples sorriso. Outras vezes é preciso mais, é preciso partilhar o que se tem, dar, ensinar, acolher, escutar… Este tempo diz-nos para terminar positivamente, pratiquemos pois como quem vai ao ginásio ou para o trabalho todas as manhãs e um dia destes vai ser natural em cada um de nós ser solidário e fraterno todo o ano.
Carlos A. Cupeto
Universidade de Évora

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