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Os políticos e os padres sempre gostaram de condicionar os artistas

Os políticos e os padres sempre gostaram de condicionar os artistas

A arte como intervenção social foi o tema para o artista plástico Mário Tropa conversar no âmbito do ciclo de conferências “Crescer ao Shabbat” em Santarém.

O Neo-Realismo foi considerado o primeiro movimento que utilizava a pintura, e também a escrita, como forma de intervenção social na sociedade portuguesa contestando o regime ditatorial existente a meio do século XX. A opinião é do pintor Mário Tropa, convidado de mais uma edição do ciclo de conferências “Crescer ao Shabbat”, que abordou o tema “A arte como intervenção social”. O encontro realizou-se na tarde de sábado, 16 de Dezembro, na Casa do Brasil, em Santarém.
Para Mário Tropa, a arte, nomeadamente a pintura, sempre teve um papel muito forte como forma de intervenção social. O pintor, que tem uma forte ligação familiar à localidade de Castelo, concelho de Mação, recordou quando o neo-realista Alves Redol, natural de Vila Franca de Xira, convidou vários amigos para irem com ele para os campos de Vila Franca de Xira para pintarem os ciclos de arroz. “Era um tipo de arte dirigida às pessoas, muito realista, de como se vivia naqueles tempos. Naquela altura a máquina fotográfica, que não era muito vulgar na época, foi um grande auxílio. Tiravam as fotografias para poderem depois pintar no ateliê”, explica o pintor.
A arte também foi muito aproveitada após a Revolução do 25 de Abril de 1974 como forma de intervenção social através de cartazes e pinturas em murais. “Foram momentos de grande luta que se viveram depois da revolução dos cravos.
A arte como forma de intervenção social começou muito mais cedo noutros países. Mário Tropa deu como exemplo a Revolução Russa, no início do século XX, e a Revolução Francesa, no século XIX. “Quando se deu a revolução russa este país estava no auge artístico. Era considerado o supra-sumo com diversos modelos de desenvolvimento artístico. Muitos artistas tiveram que sair do país porque o seu trabalho era condicionado. O braço-direito de Staline, que liderava aquele regime, dava indicações do que se podia ou não fazer nas artes”, explica.
O pintor mostrou vários quadros que representam histórias e mensagens que se queria passar ao povo. Mário Tropa diz que a igreja desde sempre condicionou o pensamento dos fiéis. “Ao dar indicações sobre como queriam que as pinturas fossem feitas, e as mensagens que queriam passar, a igreja estava a condicionar o trabalho dos artistas. Por isso a arte foi e é tão importante, porque passa sempre uma mensagem”.

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